Hoje volto a rezar pela Vida Humana.
A leitura da Eucaristia de hoje (Hebr 12, 4-7.11-15) – sobretudo a parte final – levou-me ao encontro dos textos que se seguem. O querido Papa João Paulo II, consciente sempre do valor da VIDA HUMANA, desde a sua concepção, é como o Pai referido na leitura. Repreende mas não como quem quer o sofrimento dos seus filhos mas como aquele que faz cair uma lágrima para caminhar ao lado. Caminhar por um caminho novo, fazendo exortação ao perdão, à paz, à misericórdia e ao testemunho.
Nos próximos dias voltarei a João Paulo II e à E. Vitae.
Hoje um colega me dizia que: “ninguém como nós sabe o sofrimento das mulheres cristãs que tiveram que fazer opções de interrupção da gravidez. Ninguém como nós sabe as mazelas que ficam na consciência e o quanto se reflecte na vida conjugal e familiar”.
É um facto… quantas lágrimas já correram, não por inexistência de meios para ajudar mulheres grávidas em dificuldade – seja ela de que foro forem – mas pela consciência posterior de que foi um mal e que, afinal, era um ser, que na ecografia é tratado pelo “seu bebé” e que não teve hipótese de poder ter alguém para o amar.
Deixo a minha reflexão de hoje agradecendo mais um dia que Deus me concedeu viver…
“Encontramo-nos perante um confronto rude e dramático entre o mal e o bem, entre a morte e a vida, entre a ‘cultura de morte’ e a ‘cultura de vida’. Não nos encontramos somente ‘perante’, mas inevitavelmente ‘no meio’ deste conflito: estamos todos activamente implicados, e não podemos iludir a nossa responsabilidade de fazer uma escolha incondicional em favor da vida”.
(João Paulo II, Evangelium Vitae, n.º 28)
“A vós que recorrestes ao aborto, a Igreja sabe quantas condicionantes podem ter pesado sobre a vossa decisão, e não duvida que, em muitos casos, esta decisão foi dolorosa, e mesmo dramática. É provável que a ferida da vossa alma não esteja ainda fechada. Na realidade, o que aconteceu foi e continua a ser profundamente injusto. Mas não vos deixeis desencorajar e não renuncieis à esperança. (…) Abri-vos com humildade e confiança ao arrependimento: o Pai de toda a misericórdia espera-vos para vos oferecer o seu perdão e a sua paz no sacramento da Reconciliação. Percebereis que nada está perdido e podereis também pedir perdão ao vosso filho que vive agora no Senhor (…). Podereis fazer parte dos defensores mais convincentes do direito de todos à VIDA pelo vosso testemunho doloroso”.
(João Paulo II, Evangelium Vitae, n.º 99)
31 janeiro 2007
JP II e a VIDA (1)
30 janeiro 2007
VIDA: Feto/Ser oculto?

Os avanços da ciência demonstram que o desenvolvimento do ser humano desde o primeiro dia não é um mistério
O coração começa a bater às três semanas e às sete já reage à dor.
(Fotografia do bebé às 8 semanas de gestação)
Dia 1. O espermatozóide fecundou o óvulo: surgiu uma nova vida humana.Estão já determinadas características como o sexo, a cor dos olhos e do cabelo, a estatura, até o potencial de inteligência e em certa medida a base da personalidade...
3ª Semana. O coração começou a bater.O embrião tem 3mm. O seu sistema nervoso e os seus órgãos principais começam a tomar forma. O coração já bate e nos seus vasos circula sangue diferente do da mãe.
4ª Semana. Já é 10 mil vezes maior do que no seu início. Formam-se os brotos dos membros superiores e inferiores; surge a abertura da boca; começam a formar-se o olho e o ouvido interno, os aparelhos digestivo e respiratório e os nervos motores.
5ª Semana. O bebé já se movimenta.São visíveis traços faciais, incluindo a boca e a língua. Os olhos têm já retina e cristalino.O principal sistema muscular desenvolve-se. Mãos e pés tornam-se aparentes.
6ª Semana. Podem detectar-se ondas cerebrais num EEG Tem 12 a 15 mm. Aparecem as pálpebras, distinguem-se as saliências auriculares, o lábio superior, a ponta do nariz...O esqueleto de cartilagens está totalmente formado. A criança nada e move-se raciosamente. Os braços e as pernas aumentaram de comprimento e começam a desenhar-se os dedos.
7ª Semana. Tem receptores da dor. Mexe-se e reage quando lhe tocam na boca. Tem cerca de 1,8 cm e pesa menos de 1 g. Tem tiróide, glândulas salivares, brônquios, pâncreas, canais biliares, ânus. Começam a formar-seos dentes de “leite”, os testículos e ovários. O esqueleto começa a calcificar-se. A parte do cérebro que controla as funções vitais desenvolve-se.
8ª Semana. Os primórdios dos principaisórgãos estão já formados. Acabou o período embrionário. Tem músculos nos membros, no tronco e na face, tem orelhas, dedos nas mãos e nos pés. Responde a estímulos: abre a boca; se lhe puserem uma coisa na mão já a agarra (possui o reflexo da preensão); flecte os dedos dos pés; tem movimentos espontâneos. As principais estruturas do sistema nervoso central estão formadas e os neurónios começam a migrar para o córtex cerebral.
9ª Semana. Já consegue chuchar no dedo. Tem 5 cm e pesa menos de 8 g. Engole, mexe a língua, chucha no dedo.
10ª Semana. Já tem as mesmas impressões digitais que terá durante toda a sua vida. Tem 6 cm e pesa cerca de 14 g. Começam a formar-se as unhas das mãos e os dentes definitivos. Tem pestanas, abre e fecha os olhos, as cordas vocais formam-se na laringe e pode fazer sons. O registo da actividade cerebral (EEG) torna-se mais consistente.
(Textos tirados do site www.nao-obrigada.org)
29 janeiro 2007
Maria... Senhora da Vida
Maria,
Mãe do Redentor e nossa Mãe;
porta do céu e estrela do mar,
socorrei o povo caído,
que anseia viver de novo!
Vinde ajudar a Igreja,
iluminai os vossos filhos devotos,
fortalecei os fiéis espalhados pelo mundo,
chamai os afastados, convertei os que vivem prisioneiros do mal!
Virgem puríssima, dai-nos a graça
que Vos pedimos e tanto precisamos:
que o povo de Portugal
Vos mostre a sua fidelidade
assumindo sem receio
o seu amor à VIDA como Dom de DEus e,
assim, promova a cultura da VIDA
Ó Maria concebida sem pecado,
rogai por nós que recorremos a Vós. Amén!
(Oração tirada de uma pagela da Igreja de S. Nicolau)
28 janeiro 2007
HINO À VIDA
Aqui fica o belo Hino à vida feito, há mais de duas décadas, pelo nosso querido grande poeta Frei Mário Branco. Já fazia tenção de aqui o partilhar mas, e porque mo pedem não posso deitar-me tranquilo sem o fazer. Que do céu Frei Mário Branco declame ao Pai e Senhor da Vida, com alma e coração, em Espírito e Verdade, para que a VIDA SEJA REALIDADE…
Hino à Vida
Vou cantar um hino à vida,
Dom gratuito do Senhor
pela graça recebida
bendirei o seu amor.
Deus está em toda a vida como o sol na madrugada;
seu amor é sem medida e toda a vida é sagrada.
Vive a criança escondida no seio de sua mãe;
de todos os bens da vida é a vida o maior bem.
Respeita a erva rasteira e a árvore da floresta;
ambas à sua maneira fazem da vida uma festa.
De pétalas matizadas a vestir o campo e a serra
as flores tão variadas são o sorriso da terra.
Não macules a pureza nem dos rios nem do mar;
é sangue da natureza que se deve respeitar.
Louvada seja a irmã Vida feita de sombra e de Luz!
Por Deus me foi concedida e a Ele me reconduz.
Grande mistério encerra a vida que Deus me deu:
é pela vida na terra que posso chegar ao céu.
Neste mundo de loucura diz a lei: não matarás!
Ama toda a criatura e com todos vive em paz.
Vive o jovem sonhador voltado para o futuro;
uma esperança de amor ilumina o céu escuro.
A vida tem outros modos no doente e no velhinho;
importa tratar a todos com respeito e com carinho.
Deixa voar livremente os pássaros pelo ar
e não pises a semente destinada a germinar.
No confronto com a morte feita de dor e saudade
a vida é sempre mais forte e torna-se eternidade.
NB. Este hino foi musicado pelo nosso Frei Mário Silva e faz parte da sua obra musical “Paz e Bem a toda a criatura saúdo por irmã”, à venda nas casas Franciscanas e outras casas religiosas.
VIDA (Comentário)
De visita ao site http://www.positivamentenao.com/
Decido deixar um pequeno comentário.
Aqui o deixo também a todos os que por aqui passais, na pobreza deste espaço… que ele seja também um SIM á VIDA….
Gostaria de agradecer a Deus o DOM DA VIDA... um referendo jamais poderá tirar tal valor, mesmo que as leis humanas o façam. Cada dia mais me convenço de que as leis, que tanto apelam à dignidade da mulher, dos pobres e marginalizados, dos idosos e doentes, etc... são tão ou mais farisaicas que as do tempo de Cristo. Falar tanto de dignidade e paz, num tempo em que se procura tirar toda a dignidade da Vida gerada no ventre de uma mulher, vida inquestionável. A quantos lutam pelo valor da vida eu digo OBRIGADO e que Deus vos conceda toda a paz e todo o bem.Hoje comecei a escrever algo sobre a vida no meu pobre e simples blog. Irei deixar aos poucos pensamentos e retalhos da VIDA... que todos saibamos dizer Não ao aborto e SIM à vida e dignidade da pessoa humana, Homem e Mulher, criança ou feto indefeso...
Fr. Albertino Rodrigues O.F.M.
SIM À VIDA! (Madre Teresa)

Hoje quero prestar a minha Homenagem sincera a quantos saíram à rua para agradecer a VIDA e por ela caminhar.
No Terço rezado na manhã fria, na Praça do Comércio, na caminhada desta tarde, desde a Maternidade Alfredo da Costa – berço da maior parte dos cidadãos desta Lisboa – até à Alameda, onde se cruzam tantos milhares e a irmã água brota da fonte, ela mesma símbolo da VIDA.
Hoje quero agradecer a tantos que deram o seu SIM Á VIDA…
Faço-o com as palavras simples e sábias de uma Grande Mulher:
A vida é uma oportunidade, agarra-a.
A vida é beleza, admira-a.
A vida é bem-aventurança, saboreia-a.
A vida é um sonho, faz dele realidade.
A vida é um desafio, enfrenta-o.
A vida é um dever, cumpre-o.
A vida é um jogo, joga-o.
A vida é preciosa, cuida dela.
A vida é uma riqueza, conserva-a.
A vida é amor, desfruta-o.
A vida é um mistério, penetra-o.
A vida é promessa, cumpre-a.
A vida é tristeza, vence-a.
A vida é um hino, canta-o.
A vida é um combate, aceita-o.
A vida é uma aventura, ousa-a.
A vida é felicidade, merece-a.
A vida é vida, defende-a.
Teresa de Calcutá
21 janeiro 2007
DIA MISSIONÁRIO - Retalho
Durante os últimos dias, e a propósito do dia da Vocação Franciscana, dias dos Santos Mártires de Marrocos, Proto Mártires da Ordem Franciscana e Padroeiros desta Província de Irmãos Menores, rezou-se pelos que ainda hoje se entregam na procura constante de ser MENORES, ao jeito de Francisco de Assis, de levar a toda a Humana Criatura a paz e o bem.
Irmãos passaram por cidades, vilas, aldeias e lugares a anunciar o Amor do Deus que se digna dar-nos o DOM DA VIDA e da VOCAÇÃO.
Esta tarde, naquela Igreja pequena mas tão bela na arte e tão rica nos Irmãos e Irmãs, ali responsáveis pela dinamização missionários, irmãos com muito do seu tempo dedicado à Missão ad gentes, falaram do que na alma e no coração viveram junto de tantos homens e mulheres cuja vida ainda carece de tanto anúncio da Boa Nova.
Jovens que se preparam para partir em missão e a disponibilidade de quem recebeu um TAU abençoada para partir já nessa Missão, rumo a Moçambique. Leigos que juntam os seus esforços e tempo, o seu saber e o seu amor a Deus, aos irmão franciscanos que longe da sua pátria anunciam o Senhor de quem Francisco dizia ser "o amor não amado".
Ali, no lugar onde há oito séculos nascera Fernando de Bulhões, que por testemunho dos já referidos Mártires se torna, de Cónego Regrante e Senhor que era, em Frade Franciscano e servo humilde de todos, ali onde a simplecidade e a ternura do testemunho da fé se encontram no coração de Francisco e António, também eu fui chamado, uma vez mais, a dar o meu pobre contributo para que, a liturgia pudesse ser este encontro do amor de tais corações com o coração do amor de Deus e Este com o nosso coração.
De viola às costas, não a minha mas a de um GRANDE AMIGO (a minha fora levada há uns tempos pelo irmão ladrão), dei o que de melhor o Senhor me permite ainda dar aos irmãos, a minha voz, a música que brota do mais fundo do coração.
Sabe o Pai quantas vezes se canta e sorri com o olhar e os lábios, enquanto o coração...
Mas é sempre tão bom estar com os irmãos, partilhar o pão na mesa, preparada com tanto carinho e esmero franciscano, é sempre tão pacificador descer à cripta, ajoelhar ali onde João Paulo II ajoelhara e, sem palavras, tantas vezes sem palavras, tudo entregar ao Santo. Não para que faça milagres mágicos mas para que interceda junto de Deus por tantos que levo no coração... que o maior milagre que o Santo possa realizar em nós seja a dignificação da nossa VIDA...
Partilhámos a mesa da Fraternidade, partilhámos a mesa da Palavra e do Pão da Eucaristia, partilhámos a experiência e o testemunho da Missão, no canto simples que leva os irmãos a louvar o Deus da nossa vida e da nossa História.
Aos meus irmãos da Fraternidade o meu "Seja por caridade"...
19 janeiro 2007
TU ÉS O MEU DEUS

(Agradeço o comentário ao poema e a partilha deste. Com as devidas autorizações autoriais aqui o deixo, como partilha a todos, junto dos meu textos, com a identificação tal como me foi pedida pela autora)
Agora envio-lhe este poema de ontem à noite, depois de ter rezado com o seu...Era já uma da mamnhã..fim de dia e inicio de outro...
TU ÉS O MEU DEUS!
Ó Deus, Tu és o meu Deus!
Desde o amanhecer
todo o meu ser Te busca.
Tem sede de Ti a minha alma,
Te procura o meu entendimento,
porque só em Ti repousa o meu coração.
Sem Ti Senhor,
sou como um deserto,
terra seca e sem vida
que anseia pela água viva
que és Tu!
Contemplo a beleza da Tua glória
no santuário do coração do Homem,
no rosto de quem anda perdido,
no corpo de quem sofre,
na fragilidade e pequenez
que manifesta a força do Teu Amor
e da Tua graça.
Porque o Teu Amor
vale mais do que a vida
quero que o meu viver
seja um hino de louvor a Ti.
Que as minhas palavras,
os meus gestos e a minha presença
Te bendigam e falem de Ti,
sejam um sinal vivo
da Tua ternura por cada Homem,
dinamismo vivificante e sanador
da Tua misericórdia,
No silêncio e na solidão da noite
lembro-me de Ti, Senhor.
Tu és o meu refúgio e o meu auxílio,
cuidas de mim na tribulação
e na prosperidade acompanhas os meus passos.
Só em Ti Senho e encontro descanso.
Só em Ti repousa a minha alma
e se alegra o meu coração.
Estou unida a Ti, Senhor,
és Tu que me sustentas.
Em Ti eu sou.
Em Ti.....
(Conde)
17 janeiro 2007
A VIDA DO MEU PAI...
Hoje quero em palavras simples, e porque não aqui, agradecer a VIDA.
A vida de alguém que tanto tem lutado por tão grande dom de Deus, que viveu muitas dificuldades, mas que nunca cruzou os braços face às mesmas.
Refiro-me ao meu querido pai que hoje celebra os seus 76 anos de VIDA.
Não sabe o que é a internet e muito menos virá ler o que aqui escrevo mas sabe, isso jamais duvido que o saiba, o grande amor que lhe devo e ao mesmo tempo a admiração por tanto que com ele aprendi, e ainda hoje aprendo, na minha vida.
Ao meu querido pai, Manuel, quero prestar a homenagem de filho pela vida recebida e pelo testemunho da fé que recebo.
Obrigado pai por ser quem é e por me ter ensinado a ser quem sou…
Que Deus, ESSE que há cerca de 20 anos voltou a ocupar um lugar primordial na sua vida, que Maria a quem reza diariamente as Avé Marias e o Terço, que Santo António a quem reza tanto por si e pelos seus, onde se incluem os tão poucos Amigos que não têm vergonha de o ser de uma família pobre, que Eles, lá do alto, continuem a olhar por si e pela mãe, em cada dia, vos tragam a bênção, saúde e paz.
Meu querido pai, neste dia, ainda que distante em quilómetros, estou muito presente no coração, nas saudades e na oração.
Tenho certeza que Deus lhe fará sentir o amor dos seus filhos e netos, dos amigos, e tantos outros que no silêncio rezarão por si.
Ao meu pai os mais sinceros votos de Parabéns pela vida e o testemunho de fé.
Beijo com muito amor.
Albertino.
(antes de aqui publicar este texto quero lê-lo, via telefone, ao meu pai. Se aqui o publicar é porque ele entendeu o que eu ia fazer e me autorizou)
12 janeiro 2007
FIM DE DIA: Oração
Mais um dia encontra o seu fim
E com ele vem o frio, a noite escura.
Mas sei que Deus vela do alto por mim,
E minha alma em seu olhar está segura.
E este dia teve o sol radiante e belo
Que à irmã terra deu vida e beleza.
Cabe ao Homem não descurar o seu zelo
Pelas graças recebidas da mãe natureza.
No caminho homens e mulheres por mim passaram
Olhares e palavras, silêncios e cumprimentos.
Quantas amizades verdadeiras se abraçaram,
Deixando à noite o recordar tais sentimentos.
Em tantos minutos deste dia a solidão
De tantos corações sós e abandonados.
E quantos foram os que estenderam sua mão
Sendo assim olhares novos esperançados.
E do alto certamente um Deus sorri,
Pois seus filhos são ainda sinal de amor.
E em cada passo mais apertado que corri
Certeza tenho que foi passo do Senhor.
É ao Senhor que o mundo inteiro trago,
Nesta noite linda e fria, noite estrelada.
Qual presente trazido por um Mago
Àquele que Sua Vida, a nós, é ofertada.
E aos homens e mulheres do amanhã,
Concede, ó Deus, bênção e paz.
Que todos possamos trabalhar com afã
Cumpridores da vontade que Te apraz.
E a ti, ó Pai, mil graças elevo
Pois na oração o quero terminar.
Ao meu Deus a quem tanto devo amar.
Frei Albertino S. Rodrigues O.F.M.
(Este poema foi feito na presença do meu irmão Frei Cardoso e, por isso, lho dedico por tantas vezes ser mão de Deus junto dos irmãos. Seja por caridade...)
06 janeiro 2007
PRENDA 365 / 366
Terminaram os tempos das correrias ao consumismo. À custa de um Menino Divino, que o mundo celebra em cada ano, Menino que nasce pobre por amor aos mais pobres, gastam-se rios de dinheiro, o que se tem e o que não se tem.
À custa de um Bispo, S. Nicolau, que desempenhou o seu múnus numa preocupação constante de solidariedade para com os mais pobres, se escrevem cartas a pedir coisas e mais coisas. Um Menino que devia receber prendas e nada recebe, um Bispo Santo que devia ser mais conhecido e é transformado num símbolo de consumismo. E este símbolo que continua ainda a mover a mente e o coração de tantas e tantas crianças, ricas e pobres, brancas e negras, de todas as raças, povos, crenças e culturas.
Escrever uma carta ao Pai Natal é apenas um slogan. Nas grandes metrópoles já todos pedem ao pai e à mãe, ou melhor, alguns exigem esta ou aquela prenda de natal; não para os outros mas para si mesmos, salvo raras excepções.
Para alguns uma prenda como um saco de arroz seria o melhor natal do mundo, um medicamento ou um copo de água, um sorriso ou um abraço. Para outros, creio que, infelizmente a maior parte, esse melhor natal do mundo está na tecnologia de ponta; computadores e telemóveis, Ipods e consolas, jogos de guerra em tempo que deveria ser de paz.
E nós damos. Sim damos, basta olhar as estatísticas do movimento económico gasto em prendas este natal, num país como o nosso onde se diz não haver dinheiro para bens de primeira necessidade. Damos porque se o não fazemos o que irão dizer os outros. Vem-me ao pensamento a grande questão sobre o valor que temos diante dos nossos familiares, amigos e conhecidos. Valemos pelo que somos ou pelas prendas que oferecemos?
Diz Gibran, no seu livro “O Profeta” que “bom dar quando nos pedem; e é bom dar sem que nos peçam, como bons entendedores. E para o homem generoso, procurar aquele que vai receber é maior alegria do que dar”.
A célebre oração, atribuída a São Francisco de Assis, também diz que “mais do que receber a alegria está no dar”.
Dar, oferecer, entregar algo de nós mesmos, não deveria ser uma troca de bens consumistas e muito menos porque os outros também nos deram. Um DOM deve ser sempre algo de nós mesmos, da nossa capacidade de amar interior, porque Cristo nos amou primeiro e nasceu por esse DOM do Seu AMOR; AMOR de gratuidade.
Mateus apela-nos a estar atentos ao dom de nós mesmo face aos outros: “porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos? E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos?” (Mt 5, 46-48)
Pensemos um pouco na quantidade de prendas que se compraram e distribuíram apenas por descargo de consciência. Podemos dizer que foram DOM? Não! Não creio que o tenham sido. Uma prenda que seja dom tem que ser espaço de alegria pela partilha da própria vida, a nossa vida da qual fazem parte tantos familiares e amigos. Aí sim, nesta partilha, as prendas, ganham sentido “porque é a vida que dá à vida, e quando julgais ser doadores, sois apenas testemunhas” (como refere ainda Gibran).
Mas, é facto real, todos acabamos por nos preocupar com os outros e querer oferecer algo que materialize, ou exteriorize, o dom de nós mesmos.
Também eu perguntei, a muito poucos, os que cabem nos dedos de uma mão, que prenda poderia oferecer. A delicadeza, o cuidado dos que de nós gostam levam quase sempre a dizer que de nada precisam, apenas a amizade e essa já a têm da nossa parte.
Este ano, alguém me respondeu: “quero a prenda 365”.
No início não percebi mas, depressa a resposta se completou: “aquela que de ti recebo em cada dia do ano e que dinheiro algum pode pagar, coisa alguma pode materializar”. Fiquei a pensar nesta prenda e não existe nada de mais importante, maior DOM de nós mesmos que não seja a vida partilhada em cada dia do ano. E a prenda afinal é tão grande, tem o valor da dedicação, ainda que muitas vezes silenciosa, de 365 ou 366 dias.
Voltei ao livro de Gibran. Lembrei esta prenda tão importante e grande, tantas vezes sem cartão ou palavras que a possam definir ou expressar. Prenda repleta de silêncios significativos porque vividos na intimidade de Cristo, o tal Menino Divino, que tudo sabe e conhece o nosso coração. É aí que Gibran volta à minha mente: “e quando o vosso amigo estiver silencioso o vosso coração não deixe de escutar o seu coração”.
O silêncio parece, por vezes, ausência de lembrança, amizade, sentimento e saudade. Mas não é, de todo não é! E mais uma vez este autor me recordou que: “ao separardes-vos de um amigo, não fiqueis tristes, porque a sua ausência far-vos-á descobrir aquilo que mais amais nele”. Parece morrer aqui o dito popular “longe da vista, longe do coração”. E dizem que a sabedoria popular não se engana mas, que me perdoem os sábios de cabelos brancos, neste dito não estou completamente de acordo. É de facto na ausência que percebemos verdadeiramente o quão importante algo é para nós e, quando toca a sentimentos, maior é o valor descoberto na ausência; ou então matemos a palavra saudade e mataremos o fado (destino) de uma cultura do coração como é a nossa portuguesa.
O fado (destino) do Menino Divino, a quem “hoje” uns ditos Reis ou Magos “oferecem” presentes, é o de nascer para poder viver a nossa vida e a nossa história humana: “para isso nasci e vim ao mundo”, diz Jesus, não para receber prendas mas para dar; dar e dar-Se por Amor.
Cristo não tem dia para ser DOM de VIDA, Ele se oferece a nós e por nós em cada momento, em cada dia. Ele é a “prenda” preciosa do Amor do Pai. Poderíamos dizer que este DOM gratuito do Menino Divino faz parte da já referida e tão grande e tão importante prenda 365/366. A prenda de cada dia.
Neste momento quero agradecer-te, a ti cujo nome ou nomes não digo mas recordo agora… sim a ti que em cada dia do ano és DOM para mim, na amizade mais sincera, na oração de comunhão, na partilha de vida e na dedicação do teu tempo, a ti que por vezes deixas o teu espaço, família e amigos, afazeres e lazeres para, por amizade, simplesmente por amizade, seres prenda 365/366.
“Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra” por todos os que, dia a dia, momento a momento, me oferecem a melhor e maior prenda do mundo; se oferecem a si mesmos no que têm de intimidade e confiança, de cumplicidade e sentimento.
Como os Reis do Oriente, voltemos por outro caminho, não por medo de um tal rei Herodes mas pelo caminho do recomeço do DOM da Amizade que cresce sempre e cada vez. Daqui a um ano desejo, e que Deus se digne escutar a minha humilde voz (agora meio enrouquecida), que muitas prendas 365/366 possa receber mas principalmente DAR…



