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06 janeiro 2007

PRENDA 365 / 366

Terminaram os tempos das correrias ao consumismo. À custa de um Menino Divino, que o mundo celebra em cada ano, Menino que nasce pobre por amor aos mais pobres, gastam-se rios de dinheiro, o que se tem e o que não se tem.
À custa de um Bispo, S. Nicolau, que desempenhou o seu múnus numa preocupação constante de solidariedade para com os mais pobres, se escrevem cartas a pedir coisas e mais coisas. Um Menino que devia receber prendas e nada recebe, um Bispo Santo que devia ser mais conhecido e é transformado num símbolo de consumismo. E este símbolo que continua ainda a mover a mente e o coração de tantas e tantas crianças, ricas e pobres, brancas e negras, de todas as raças, povos, crenças e culturas.
Escrever uma carta ao Pai Natal é apenas um slogan. Nas grandes metrópoles já todos pedem ao pai e à mãe, ou melhor, alguns exigem esta ou aquela prenda de natal; não para os outros mas para si mesmos, salvo raras excepções.
Para alguns uma prenda como um saco de arroz seria o melhor natal do mundo, um medicamento ou um copo de água, um sorriso ou um abraço. Para outros, creio que, infelizmente a maior parte, esse melhor natal do mundo está na tecnologia de ponta; computadores e telemóveis, Ipods e consolas, jogos de guerra em tempo que deveria ser de paz.
E nós damos. Sim damos, basta olhar as estatísticas do movimento económico gasto em prendas este natal, num país como o nosso onde se diz não haver dinheiro para bens de primeira necessidade. Damos porque se o não fazemos o que irão dizer os outros. Vem-me ao pensamento a grande questão sobre o valor que temos diante dos nossos familiares, amigos e conhecidos. Valemos pelo que somos ou pelas prendas que oferecemos?
Diz Gibran, no seu livro “O Profeta” que “bom dar quando nos pedem; e é bom dar sem que nos peçam, como bons entendedores. E para o homem generoso, procurar aquele que vai receber é maior alegria do que dar”.
A célebre oração, atribuída a São Francisco de Assis, também diz que “mais do que receber a alegria está no dar”.
Dar, oferecer, entregar algo de nós mesmos, não deveria ser uma troca de bens consumistas e muito menos porque os outros também nos deram. Um DOM deve ser sempre algo de nós mesmos, da nossa capacidade de amar interior, porque Cristo nos amou primeiro e nasceu por esse DOM do Seu AMOR; AMOR de gratuidade.
Mateus apela-nos a estar atentos ao dom de nós mesmo face aos outros: “porque, se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os cobradores de impostos?
E, se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? (Mt 5, 46-48)
Pensemos um pouco na quantidade de prendas que se compraram e distribuíram apenas por descargo de consciência. Podemos dizer que foram DOM? Não! Não creio que o tenham sido. Uma prenda que seja dom tem que ser espaço de alegria pela partilha da própria vida, a nossa vida da qual fazem parte tantos familiares e amigos. Aí sim, nesta partilha, as prendas, ganham sentido “porque é a vida que dá à vida, e quando julgais ser doadores, sois apenas testemunhas” (como refere ainda Gibran).
Mas, é facto real, todos acabamos por nos preocupar com os outros e querer oferecer algo que materialize, ou exteriorize, o dom de nós mesmos.
Também eu perguntei, a muito poucos, os que cabem nos dedos de uma mão, que prenda poderia oferecer. A delicadeza, o cuidado dos que de nós gostam levam quase sempre a dizer que de nada precisam, apenas a amizade e essa já a têm da nossa parte.
Este ano, alguém me respondeu: “quero a prenda 365”.
No início não percebi mas, depressa a resposta se completou: “aquela que de ti recebo em cada dia do ano e que dinheiro algum pode pagar, coisa alguma pode materializar”. Fiquei a pensar nesta prenda e não existe nada de mais importante, maior DOM de nós mesmos que não seja a vida partilhada em cada dia do ano. E a prenda afinal é tão grande, tem o valor da dedicação, ainda que muitas vezes silenciosa, de 365 ou 366 dias.
Voltei ao livro de Gibran. Lembrei esta prenda tão importante e grande, tantas vezes sem cartão ou palavras que a possam definir ou expressar. Prenda repleta de silêncios significativos porque vividos na intimidade de Cristo, o tal Menino Divino, que tudo sabe e conhece o nosso coração. É aí que Gibran volta à minha mente: “e quando o vosso amigo estiver silencioso o vosso coração não deixe de escutar o seu coração”.
O silêncio parece, por vezes, ausência de lembrança, amizade, sentimento e saudade. Mas não é, de todo não é! E mais uma vez este autor me recordou que: “ao separardes-vos de um amigo, não fiqueis tristes, porque a sua ausência far-vos-á descobrir aquilo que mais amais nele”. Parece morrer aqui o dito popular “longe da vista, longe do coração”. E dizem que a sabedoria popular não se engana mas, que me perdoem os sábios de cabelos brancos, neste dito não estou completamente de acordo. É de facto na ausência que percebemos verdadeiramente o quão importante algo é para nós e, quando toca a sentimentos, maior é o valor descoberto na ausência; ou então matemos a palavra saudade e mataremos o fado (destino) de uma cultura do coração como é a nossa portuguesa.
O fado (destino) do Menino Divino, a quem “hoje” uns ditos Reis ou Magos “oferecem” presentes, é o de nascer para poder viver a nossa vida e a nossa história humana: “para isso nasci e vim ao mundo”, diz Jesus, não para receber prendas mas para dar; dar e dar-Se por Amor.
Cristo não tem dia para ser DOM de VIDA, Ele se oferece a nós e por nós em cada momento, em cada dia. Ele é a “prenda” preciosa do Amor do Pai. Poderíamos dizer que este DOM gratuito do Menino Divino faz parte da já referida e tão grande e tão importante prenda 365/366. A prenda de cada dia.
Neste momento quero agradecer-te, a ti cujo nome ou nomes não digo mas recordo agora… sim a ti que em cada dia do ano és DOM para mim, na amizade mais sincera, na oração de comunhão, na partilha de vida e na dedicação do teu tempo, a ti que por vezes deixas o teu espaço, família e amigos, afazeres e lazeres para, por amizade, simplesmente por amizade, seres prenda 365/366.
“Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra” por todos os que, dia a dia, momento a momento, me oferecem a melhor e maior prenda do mundo; se oferecem a si mesmos no que têm de intimidade e confiança, de cumplicidade e sentimento.
Como os Reis do Oriente, voltemos por outro caminho, não por medo de um tal rei Herodes mas pelo caminho do recomeço do DOM da Amizade que cresce sempre e cada vez.
Daqui a um ano desejo, e que Deus se digne escutar a minha humilde voz (agora meio enrouquecida), que muitas prendas 365/366 possa receber mas principalmente DAR…

7 comentários:

Anónimo disse...

Que riqueza de prenda é esta reflexão....

Anónimo disse...

Ao acabar de ler esta reflexão, só penso com certa nostalgia: Ah, quem me dera ser realmente PRENDA 365/366 para todos os que estão à minha volta!
Mas, ao mesmo tempo, dou graças ao Senhor por todos os que são PRENDA 365/366 na minha vida... E são muitos... É só abrir os olhos do coração... E Deus seja louvado por eles!

Pessoalmente, gosto mais da palavra «presente» do que «prenda», simplesmente pelo significado que lhe dou: «tornar presente» ao outro - a quem dou uma prenda - o meu amor, o meu carinho, a minha amizade. No mais profundo, significa tornar Deus presente, o Seu Amor, o Seu Dom total...

Só assim se realizará a última frase do Evangelho do dia de Reis referida na reflexão e de que sempre gostei muito: "Regressaram à sua terra por outro caminho". Só a experiência do amor, da amizade, só a experiência de alguém ser DOM para o outro, de alguém ser PRENDA 365/366 para o outro pode transformar e fazer enveredar por outro caminho, um caminho melhor, com vida mais plena porque cheia de amor.

Por isso, como e com São Francisco peço: "Senhor, faz de mim instrumento do Teu Amor, da Tua Paz!"
Faz de mim PRENDA 365/366 para os outros!

Anónimo disse...

Parabéns por seres um irmão que gosta de partilhar a vida como presente a todas as criaturas.É para mim muito grato ver como consegues criar o dom do amor à tua volta. Os meus sentimentos à cerca das prendas de natal, ficavam muito além de os ver na profundidade às criaturas,como tu as vês.
Natal, deve ser todos os dias, e durante todo o ano, mas nem sempre acontece. O homem despojou-se de Deus para se entregar a um deus pagão e de consumismo.
Gostei muito, e vou reflectir mais no dom da vida e da vida que Jesus Menino ofereceu ao homem.
Vamos ensinar as nossas crianças, a não serem exigentes nos presentes, mas dar-lhes como presente o Menino de Belém. Deixemos de ser àrvores despidas de sentido para encontrarmos a harmonia da paz que o mundo tanto precisa como presente.

Fr.José Jesus Cardoso

Lx 11/01/2007

Anónimo disse...

Obrigado por me fazeres sentir, à flor da pele, que é no dar que se recebe. Obrigado pela tua experiênca que condiz com a minha experiência. Obrigado irmão por seres DOM.

Frei António Teixeira

Filipa Albuquerque disse...

Sem palavras... mas a pensar nesta reflexão tão bonita.
Obrigada pela partilha, Frei.

Anónimo disse...

Numa altura em que todos se preocupam com quem nasce ou não nasce, com ser ou não ser um feto...eu dou valor a tua vida e a nosso eterna amizade, pois é ela que me guia, me aquece e dá razões para lutar por um mundo melhor e nos faz acreditar no valor do ser humano e do amigo para lá da carne e dos ossos....

Mª Teresa disse...

Bom dia Família Retalhos,
Paz e Bem!
Vaidosa, BASTANTE vaidosa, venho RECONHECER: eu tanto presente DIÁRIAMENTE...e também espalho resmas deles há minha volta! E sou bastante remediada... acreditem!
Mas se cuido de coração, espalho (também) sorrisos à minha volta. Bem hajam,

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