"Não te admires por Eu te ter dito: 'Vós tendes de nascer do Alto.' O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito.»
Comentário ao Evangelho de João 3,7-15 por Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein, 1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa.
Poesia "Noite Santa"
"A fim de que todo o homem que acredita tenha a vida eterna"
Meu Senhor e meu Deus,
Tu guiaste-me por um longo caminho obscuro, pedregoso e duro.
As minhas forças pareciam muitas vezes quererem abandonar-me,
Quase não esperava ver mais um dia a luz.
O meu coração petrificava-se num sofrimento profundo
Quando a claridade duma doce estrela se elevou aos meus olhos.
Fiel, ela me guiou e eu segui-a
Um pouco tímida no início, mais firme depois.
Cheguei, finalmente, à porta da Igreja.
Ela abriu-se. Pedi para entrar.
A bem-aventurança acolheu-me pela boca do teu sacerdote.
No interior, as estrelas sucedem-se,
Estrelas de flores vermelhas que me indicam o caminho para ti.
E a tua bondade permite que elas me iluminem no meu caminho para ti.
O mistério que me fazia manter escondido no fundo do meu coração,
Eu posso doravante anunciar em alta voz: Eu creio, eu confesso a minha fé!
O sacerdote conduziu-me aos degraus do altar, Inclino a fronte,
A água santa escorre sobre a minha cabeça.
Senhor, é possível alguém renascer em meio da vida? (Jo 3.4)
Tu o disseste, e isto para mim tornou-se realidade.
O peso das faltas e dos castigos da minha longa vida deixaram-me.
De pé, recebi o manto branco sobre os meus ombros,
Símbolo luminoso da pureza! Levei na mão o círio cuja chama anuncia
Que em mim arde a tua vida santa.
O meu coração tornou-se doravante o berço que espera a tua presença.
Por pouco tempo! Maria, tua mãe, que é também a minha, deu-me o seu nome.
À meia-noite ela coloca no meu coração o seu filho recém-nascido.
Oh! Nenhum coração humano pode conceber
O que tu preparas para aqueles que te amam (1Co 2,9).
Doravante tu és meu e nunca mais te deixarei.
Onde quer que vá o caminho da minha vida, tu estarás comigo.
Nada jamais poderá separar-me do teu amor .



2 comentários:
É tão bela e profunda a meditação de Edith Stein. OBRIGADA!
O grande acontecimento da conversão e da entrada na Igreja Católica, para a maioria de nós, certamente, não se deu desta forma como ela a descreve, porque fomos baptizados em criança. No entanto, permanece o desafio da conversão contínua, do «nascer de novo» ao longo da vida com os seus altos e baixos. Falam os entendidos também eM «segunda conversão», ou, poderíamos dizer: segunda, terceira, quarta... enésima conversão... É um processo nunca acabado. É um caminho que começou na hora do nosso Baptismo e que somos desafiados a trilhar até chegarmos à meta final que é o próprio Deus e a nossa comunhão definitiva com ELE.
O que hoje me tocou especialmente nas palavras de Edith Stein - que já conhecia - foi a imagem da ESTRELA. É de um conteúdo simbólico muito rico.
Lembrei-me de uma palavra que há tempos alguém me disse: «É SÓ DE NOITE QUE SE VÊEM AS ESTRELAS».
Sim, quando há «noite» à nossa volta e, mais grave, quando há noite dentro de nós e então surge uma «estrela»... Que alívio! Como, num instante, surge uma nova esperança na nossa vida! É como NASCER DE NOVO...
E, ao contrário, quando não vemos um palmo à frente no nosso caminho de vida e não vislumbramos, nem ao longe, a mínima luz de uma estrelinha..., como a vida se torna pesada e sem sentido e como nos custa a FÉ n'ELE nessas situações...
Que Deus nos ajude a nunca perdermos de vista a nossa ESTRELA, e que ela nos conduza seguramente até ELE!
Sta. Teresa Benedita diz-nos tal como o Evangelho de S.João, É preciso Nascer de Novo. E estou-me a recordar aqui do diálogo de Jesus com Nicodemos:
Jesus diz-lhe: "Em verdade, verdade vos digo", "Quem não renascer de novo não entrará no Reino de Deus".
E Nicodemos diz: Mas Senhor como é possível entrar de novo no seio de minha mãe? E Jesus responde: "Quem não nascer na água e no espírito não entrará no Reino de Deus." Jo.3;1-5
O Senhor continua a dizer-nos hoje a cada um, é preciso nascer de novo, ou seja, nascer na água e no espírito. Porque a água é o espírito da verdade, o Espírito Santo, Aquele que nos faz conhecer verdadeiramente Jesus, e que nos faz aceitá-lo no nosso coração. É esse espírito da verdade que resulta do Baptismo Novo, no Espírito e na Água que nos dá a conhecer o Amor do Pai, que nos dá a conhecer Cristo Salvador, que nos dá a conhecer o Espírito Santo Santificador.
Sem novo nascimento não há Vida Nova no Espírito, Não há novo Pentescostes, não há Pentecostes Pessoal.
Esta nova lei do Amor suscita no cristão um outro Homem, que ama a Deus. Não mais o Homem Velho, mas o Homem Novo, que deixou morrer em si tudo o que era velho, para nascer para uma nova criatura. Só assim seremos transformados, renovados, e haverá em cada um de nós verdadeiro Pentecostes.
AMEM!
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