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30 dezembro 2008

Gratidão e bênção para 2009

Que seria da nossa vida sem a presença de todos os que, de uma forma ou de outra, tornam possível cada dia como um DOM DE DEUS...
É com este sentimento que termino este ano de 2008.
O Retalhos cresceu a muitos níveis, ultrapassou barreiras que outros blogues nunca chegaram, teve visitas tantas que não é habitual num blogue deste género.
A todos vós que em tantos paises fostes divulgando este espaço, a quantos tivestes a coragem de deixar aqui um pedaço de vós mesmos, o meu muito e sincero obrigado.
Este foi o cartão que ontem e hoje enviei por email a quantos fizeram parte deste Natal.
Coloco-o agora em destaque no blogue para que ele seja também para todos os que neste ano que termina se juntaram a esta grande família.
Em 2009 continuaremos a crescer e a tornar este espaço mais acolhedor.
Fica esta promessa com a esperança de que todos continueis a vir aqui e a ajudar a crescer.
Que Deus a todos abençoe e que o ano 2009 seja de paz e diálogo entre as Nações.
Abraço de paz e bem e... seja por caridade!

28 dezembro 2008

Adeste Fideles (Sagrada Família)

Celebramos hoje a Festa da Sagrada Família.
Somos convidados a olhar uma vez mais para a ternura de Deus Menino que se dignou nascer numa família humana tal como nós.
É uma forma peculiar de Deus entrar na nossa história.
O Adeste Fideles é eco dos pastores que vão chegando ao presépio para manifestar junto de José e Maria a alegria por este Menino que nos nasceu.
Ele é a Vida que estava junto do Pai e que se manifestou na terra para que todos nós possamos ver a Sua glória de Unigénito do Pai, cheio de graça e verdade.

(Desactivar, na coluna da esquerda, a música do blog para ver o clip de vídeo)

25 dezembro 2008

Santo e Feliz Natal

"O Verbo, fez-se carne e habitou entre nós, e vimos a Sua Glória de Unigénito do Pai, cheio de graça e verdade"!

É com este cântico no coração que a todos vos saúdo nesta noite que já vai adentrada.
O Menino Deus renasceu na nossa vida...
A todos quantos passais pelo Retalhos deixo-vos com a foto do presépio da igreja do nosso Seminário, num gesto de gratidão a todos os que, de uma forma ou outra, aqui deixaram um pedaço de si.
Que a todos DEus recompense com penhor de graças e bênção.
Santo e Feliz Natal!

(Estou a tentar inserir aqui mais um clip de vídeo. Até lá aguardemos que a técnica me ajude)

24 dezembro 2008

Noite de procura e de Luz.

Depois de um dia muito cansativo, venho ao blog para serenar. Estes dias tenho dedicado o meu tempo ao Natal exterior, é tempo do Natal interior.
Levo o meu pensamento ao natal da minha infância... o efeito de neve a cair no blog lembra-me as noites dessa infância lá na aldeia com a neve a cair.
O POEMA que se segue, perdoem os bons poetas a pobreza, é a minha oração da noite. Imagino, nesta noite e dia, Maria e José à procura do lugar do Nascimento.
Este poema brotou há um ano depois de um dia como o de hoje, de cansaço mas também da muita alegria por ter tido a dedicação de alguns Amigos na realização das ornamentações e presépios desta casa.
É para eles neste momento a dedicação do poema / oração desta noite.
OBRIGADO...

NOITE DE PROCURA E DE LUZ

Passo a passo vão pelo horizonte além
No cansaço de um longo caminhar,
Dirigem-se à cidade de Jerusalém
José e Maria, a fim de se recensear.

Um burrinho cansado, Maria transporta
Alheio ao milagre que em noite irá ver,
Levará Maria e José de porta em porta
E um Menino no ventre que está p’ra nascer.

E eis que é chegada a hora da Esperança
Em que a Virgem trará a Salvação.
Mas ninguém tem lugar na vizinhança
Para acolher em sua casa um Irmão.

E a noite sobre a terra vai caindo,
Frio, escuridão e neve caem também.
E o burrinho, bem cansado, vai seguindo
Levando Maria e José até Belém.

E o Menino que no ventre, é o Senhor
Não podia esperar mais p’ra nos salvar.
É num estábulo, não havia lugar melhor,
Que Maria, a Deus Menino, à luz vem dar.

Quanta alegria o burrinho e os animais
Ali pasmados diante da grande Luz.
Um bebé ali nasceu chorando em ais,
E seus pais já lhe chamavam Jesus.

Ó que noite de Luz, noite Santa,
Em que Deus connosco habitou.
A Criação inteira exulta e canta
Em adoração a quem tudo criou.

Noite da procura é agora noite da Vida
Porque Deus, o Emanuel, até nós vem,
E a humanidade que se encontrava perdida
Vê-se salva num estábulo, em Belém.

Neste dia que antecede o meu Natal
Quero fazer da minha Vida uma oração.
Oferecer ao Menino Deus, presente tal,
Que consiga esgotar meu coração.

Brilha Luz Divina sobre mim
Sobre todos os que tenho no pensamento.
Que a tua bênção desça a nós, sem fim,
Que neste Natal sejamos o teu acolhimento.

Noite de procura dum lugar p’ra dar à Luz
É a noite de todo homem e mulher também.
Que cada um possa esquecer a sua cruz
P’ra celebrar a alegria, na noite de Belém.

Frei Albertino S. Rodrigues O.F.M.

12 dezembro 2008

Advento: Origem e simbologia

O texto que aqui estava foi republicado a 4 de Dezembro de 2010 no Retalhos 2 em
http://betus-pax2.blogspot.com

08 dezembro 2008

Avé Maria... Imaculada e Mãe!

Hoje uma vez mais celebramos a Imaculada Conceição, Rainha de Portugal, Rainha e Mãe da Ordem Franciscana, Padroeira desta Casa onde hoje, de forma diferente, lh’E canto. Não digo palavras, deixo à vossa reflexão as que escrevi há um ano atrás.
Com este clip de vídeo pretendo apenas louvar Deus em Maria, Aquela que disse SIM…
No final fica a belíssima Saudação à Bem-aventurada Virgem Maria, da autoria de S. Francisco de Assis.
(desactivar, a meio da coluna da esquerda, a música do blog e perdoem a desafinação mas também ela é louvor.)
Salvé, Senhora santa Rainha,
santa Mãe de Deus, Maria,
virgem convertida em templo,
e eleita pelo santíssimo Pai do céu,
consagrada por Ele com o seu santíssimo amado Filho
e o Espírito Santo Paráclito;
que teve e tem toda a plenitude da graça e todo o bem!
Salvé, palácio de Deus!
Salvé, tabernáculo de Deus!
Salvé, casa de Deus!
Salvé, vestidura de Deus!
Salvé, mãe de Deus!
E vós, todas as santas virtudes, que pela graça e iluminação do Espírito Santo sois infundidas no coração dos fiéis, para, de infiéis que somos, nos tornardes fiéis a Deus.
São Francisco de Assis

04 dezembro 2008

O tempo da espera...

O tempo da espera do Messias leva-nos a querer ir sempre mais além. Tal como o Povo resgatado da escravidão, pela mão de Moisés, assim nós nos sentimos num caminho que nem sempre conhecemos contudo, sabemos que é aquele que Ele nos pede para seguir. No final, bem lá no final, sentimos que, na Sua grande bondade, alguma coisa Ele tem preparada para nós.
Preparar o caminho de e com Cristo, é fazer uma introspecção à nossa vida, olhar para a nossa realidade humana e aprender a caminhar, não pelos passos levados pela areia, mas pelos horizontes que se projectam no nosso olhar e no nosso coração. É aí que Cristo se torna a meta para a qual caminhamos em tempo de esperança.
Isaias preconiza esse tempo em que se cumprirá a promessa do Pai: "Eles serão o meu Povo e Eu serei o Seu Deus". É este profeta que nos aponta para a realidade de um Deus Emanuel, um Deus connosco, que nascerá de uma Virgem sem mácula concebida.
João Baptista aponta o mesmo caminho para o qual é preciso o arrependimento, a conversão e o Baptismo. Preparar a realização da Promessa não se pode fazer apenas com palavras soltas mas com a verdade da graça de Deus que em nós habita desde sempre. É Ele que vem ao nosso encontro, que toma a iniciativa de se aproximar de nós, de nos salvar.
Maria, mais do que apontar, revela a meta, a LUZ das nações que vem para trazer a Salvação de Deus. Ela não entende, mas aceita o desafio sagrado que o mensageiro de Deus lhE lança: "Conceberás e darás à luz um filho ao qual porás o nome de Jesus..."
Ela torna-se a nova Eva proclamada pela Escritura e cantada nas nossas antífonas: "Por Eva foi fechada aos homens a porta do céu e a todos foi de novo aberta por Maria".
A Mulher de Nazaré torna, desta forma, a mensageira do Deus feito homem. Maria traz em si a Palavra e a vontade do Pai: o ser humano/divino do Filho e a graça transformadora do Espírito.
"Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Pois logo que o eco da tua saudação chegou aos meus ouvidos, o menino saltou de alegria no meu seio...", assim nos revela Isabel a grande certeza de uma simples e pobre Mulher que não é mais uma qualquer do seu tempo ou mesmo de toda a história.
Ela é "feliz porque acreditou" e exclama: "a minha alma glorifica o Senhor... porque pôs os olhos na humildade da Sua Serva...".
Ela acreditou ser possível o cumprimento da vontade do PAI. Coloquemos este tempo da esperança nas suas mãos e coração. Que toda a humanidade sinta em Maria a força para o caminho que leva a Jesus.
Aqui queremos também fazer sentir este tempo que nos separa do nascimento do Messias. Aos poucos mudaremos pequenas coisas que possam acompanhar o ritmo do nosso caminho.
Vem Senhor, vem salvar o Teu Povo!
MARANATHA!

30 novembro 2008

Advento: Tempo de vigiar

“Óh! Se rasgasseis o céu e descesseis...”


Entrámos uma vez mais no tempo privilegiado do ADVENTO.
O mundo corre à procura de cumprir rituais de compras e prendas. É o Natal que se aproxima...
Adento é, para quem tem fé, o tempo da vigilância, como nos pede Cristo no Evangelho: “o que vos digo a vós digo a todos, VIGIAI”.
Que poderá significar este “vigiai” para nós no tempo hodierno?
Vigiar... estar atento, não descurar os mais pequenos pormenores dos acontecimentos do nosso dia para que possamos chegar ao fim de cada dia na certeza de que de nós o Senhor não dirá: “sois servos inuteis”. Vigiar não para estar atento ao que o outro faz, no sentido do criticionismo, do derrotismo mesquinho, do não fazer nem deixar que se faça mas, vigiar para entrar cada um de nós no seu mundo interior e, aí, encontrar passos que conduzem a Cristo Menino que virá renascer em nós.
Estar vigilante parece-me a mim que é mais para um olhar interior e não exterior. O vigia é alguém que tem forçosamente que estar desperto, estar bem e conhecer-se bem para poder cuidar daqueles que lhe são confiados. Vigiar assim é sentir que outrém confia em nós, na nossa capacidade de cuidar do maior tesouro que somos. Hoje sinto assim cada um de nós diante deste Deus que, pelo Seu Filho, nos manda estar vigilantes, na fé.
Este tesouro que somos inicia caminhada para se reencontrar com a Luz. Muito há ainda a lapidar, a polir, a aperfeiçoar neste caminho mas, é exactamente em advento que esse processo se faz, é em adevnto que a esperança de voltar a ser luz ganha novo vigor porque a Luz vai surgir como a aurora.
Todos nós vivemos hoje mergulhados num mundo que não pára, é um corropio para resolver tantas coisas, acudir a tantas frentes. Mergulhados em tantas crises, a económica, a crise de identidade, a crise da sociedade, a crise dos valores humanos e familiares, onde o valor da vida parece perder-se e o valor do matrimónio parece corromper-se, e ainda a crise da fé e, aqui, tanto de nós temos que olhar para o nosso interior e acender a chama aí colocada por Deus.
Isaias apresenta-nos um povo que atira as culpas para Deus, como se fosse o próprio Deus a afastar-se. Não serão antes as acções humanas que ocupam negativamente a nossa vida não deixando um espaço para Deus? Mas é a Ele que habitualmente imputamos a culpabilidade e Ele continua ali à espera que lhe se lhe abra a nossa porta.
Advento é o tempo da vigilância, tempo de dar lugar aos Senhor que vem ao nosso encontro para ser o Emanuel, Deus connosco.

MARANATHA! Vem Senhor Jesus!

29 novembro 2008

Regra Franciscana e os nossos Santos e Beatos

Hoje, a Ordem Franciscana – e toda a Família Franciscana em todo o mundo – celebra a aprovação da Regra definitiva da Ordem Franciscana por Honório III, no ano de 1223.
Em 1209 Francisco dirige-se a Roma, com onze companheiros, e obtém do Papa Inocêncio III a aprovação oral da sua Regra e da sua Forma de Vida de Frades Menores.
É momento de agradecer a Deus o dom da fidelidade a este livro que Francisco dizia ter recebido de Jesus e que era a "medula do Evangelho". Este era precisamente o projecto de vida e o carisma de Francisco: fazer reviver na Igreja o Evangelho, mostrar aos homens a vida de Cristo em todas as dimensões, desde a pobreza até ao seu zelo pelas almas, o anúncio do evangelho ao sacrifício da cruz, para ser com Ele, luz no mundo e sal da terra. Quem pode contar a imensidão de santos, beatos e servos de Deus e o menor dos irmãos e irmãs sem denominação, que têm feito da regra a paixão de suas vidas. São Francisco disse um dia a seus irmãos: "Caríssimos, conformemo-nos e alegremo-nos no Senhor; não vos deixeis entristecer pelo fato de sermos poucos; não vos envergonheis de minha simplicidade e nem da vossa porque, como me revelou o Senhor, ele nos fará uma multidão inumerável e nos enviará até os confins do mundo. Vi uma grande multidão de homens ter connosco, desejosos de viver e de vestir o hábito da santa religião e segundo a regra de nossa bem-aventurada Ordem. Ressoaram em meus ouvidos o ruído de seus pés e de seu caminhar conforme manda a obediência! Vi os caminhos cheios deles, provenientes de todas as nações(...); vem a turba de várias línguas."
Escutando essas palavras, uma santa alegria se apoderou dos irmãos, que por graça de Deus era concedida aos seus santos. O alvorecer da santidade franciscana demonstrava a vitalidade e autenticidade evangélica da mensagem franciscana. Por isso, esta festa é um convite e incentivo a retribuir a Deus o amor que nos tem dado em Cristo, vivendo a pobreza, a humildade e uma vida verdadeiramente fraterna.

(adaptado de
http://www.ffb.org.br/index.php?pg=santosfranciscanos)

Celebramos a aprovação da Regra dos Menores e também os Santos de toda a Ordem e de toda a Família.
Procurei actualizar a informação mais recente sobre a inumerável assembleia dos Santos e Beatos da Ordem e da Família Franciscana. Os dados mais fidedignos encontrados são de Lázaro Iriarte, no seu livro História Franciscana, precioso estudo para entender o fenómeno Franciscano ao longo destes oito séculos contudo são dados de há 20 anos atrás. Ao tempo, neste estudo que nos apresenta nomes e datas a 1.ª Ordem tinha 67 Santos e 125 Beatos, a 2.ª Ordem 7 Santos e 22 Beatos, a 3.ª Ordem Regular (TOR) 1 Santos e 7 Beatos, a Ordem Franciscana Secular (Vulgarmente chamada – entre nós – Ordem Terceira da Penitência) 44 Santos e 73 Beatos, Outras Congregações Franciscanas (onde inserimos os Cordígeros) 4 Santos e 9 Beatos.
Há vinte anos o Franciscanismo contava assim com 123 Santos e 236 Beatos dos quais 157 Mártires, 10 Bispos e 3 Doutores da Igreja.

Do site da Família Franciscana do Brasil retirei informação datada de Outubro de 2000 referindo que: “Santos da Primeira Ordem: 110; Santas da Segunda Ordem: 9; Santos e Santas da Terceira Ordem Regular e Secular: 53; Beatos da Primeira Ordem: 161; Beatas da Segunda Ordem: 34; Beatos e Beatas da Terceira Ordem Regular e Secular: 95. Total de Santos e Beatos da Ordem Franciscana: 462.”
Na alegria de ver reconhecido, pela Igreja, o caminho feito por tantos homens e mulheres que, ao jeito de Francisco viveram e vivem a Menoridade no mundo partilho convosco para que, com os Menores, unais a vossa gratidão e oração ao Pai.
ORAÇÃO - Deus eterno e todo-poderoso, que vos dignastes iluminar a vossa Igreja com o esplendor de todos os santos da Ordem Seráfica, fazei que, celebrando numa só festa a sua memória, possamos seguir na terra os seus exemplos, e alcançar no céu a coroa da justiça. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Ámen!

23 novembro 2008

Cristo Rei e Pastor

Antes de escrever algo sobre este dia de Cristo Rei e Senhor do Universo, fui ver o que havia escrito há um ano atrás. Fiz reflexão dos textos deste ano e como são belos.
Cristo, este Rei e Senhor de toda a História, é-nos apresentado como um Pastor cuidadoso pelo seu rebanho mas que ao mesmo tempo exige o cumprimento de um único mandamento, o do AMOR para com o próximo.
Onde está afinal a realeza esperada pelo Povo Hebreu? Onde está o Rei que viria a salvar Israel, onde encontrar afinal a esperança da vitória prometida por Deus contra o mal e o malígno?
A primeira leitura (Ez 34,11-12.15-17), preconiza esta realeza e, por seu intermédio, Deus revela-se próximo: “Eu próprio irei em busca das minhas ovelhas e hei-de encontrá-las. Como o pastor vigia o seu rebanho, (sobretudo as) que andavam tresmalhadas”.
Como entender humanamente que Deus haja prometido a Realeza que salva e faz justiça
aos perseguidos, pobres e marginalizados, aos que se perderam pela vida? Só mesmo um reinado de armas e cavaleiros, de anjos de espada na mão, de um Rei que viria sobre os céus para resgatar os bons e aniquilar os maus. Mas... afinal que diz Deus? Ele mesmo vem ao encontro de todos, bons e maus, para os salvar? Como pode isto ser sinal de salvação e justiça, pensariamos nós se estivessemos nesse tempo da espera.
Mas é um facto que Deus promete vir Ele mesmo e não como um Rei guerreiro, descendo num cavalo branco com um exercito celeste ao Seu serviço. Ele virá como um Pastor e cuidará de todas as ovelhas: “Eu as levarei a repousar, (...). Hei-de procurar a que anda tresmalhada. Tratarei a que estiver ferida, darei vigor à que andar enfraquecida (...) velarei pela gorda e vigorosa. (...) com justiça.
Mais uma vez podemos dizer que não é fácil entender a justiça de Deus que não exclui ninguém da hipótese da Salvação. Ser justo é dar a cada um o que lhe é devido pelos seus actos, é fazer pagar o que é de direito, é repor o que foi rompido. Talvez seja aqui que Deus nos quer fazer chegar, repor a relação amorosa d’Ele connosco e, por isso mesmo, a justiça de Deus seja tão diferente da nossa:Hei-de fazer justiça entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e cabritos”.
Curiosa esta expressão. Deus fará justiça entre “ovelhas e ovelhas”. Ele ama as Suas ovelhas e não quer que nenhuma se perca. Ama e quer reconduzir a todas de novo ao Seu redil. Isto faz-me lembrar aquela parábola dos trabalhadores da vinha a quem o Senhor paga de igual forma porque lhe é lícito fazer o que bem entender com o que é Seu, desde que não prejudique o contrato estabelecido com nenhum deles.
Todas as Suas ovelhas verão a justiça e, nesta expressão, vejo Deus como o Rei bondoso e amoroso que abre os braços a todos, bons e maus, desde que se arrependam e queiram voltar à casa Paterna.
Mas logo em seguida refere também que fará justiça “entre carneiros e cabritos”. Já não são ovelhas. Há aqui uma conotação menos luminosa, menos bela, menos amorosa. O carneiro e o cabrito talvez sejam todos os que não querem acatar o amor do Pai/Pastor, que fogem por espinheiros, escarpas perigosas, que não ouvem a voz do Pastor. Deus fará ustiça dando a cada um o que lhe é devido e aqui, talvez seja mesmo a escuridão pela ausência da Sua presença salvífica, o afastamento da vida eterna.
Em Mt 25,31-46, o Evangelista apresenta o como fará Deus esta justiça: “Quando o Filho do homem vier na sua glória com todos os seus Anjos, sentar-Se-á no seu trono glorioso”.
Cristo é a presença amorosa do Pai, é o Pastor prometido que viria salvar, é Aquele que dará a vida para que nenhum se perca dos que o Pai lhe deu.
O Rei prometido e esperado ao longo de muito séculos dirá aquando da Sua realeza: “Vinde, bem ditos de meu Pai; recebei como herança o reino que vos está preparado desde a criação do mundo”.
Fazer parte deste Reino preparado desde sempre implica apenas sentir a urgência do amor e da ajuda para com todos os que nos rodeiam, sobretudo os mais desfavorecidos da nossa sociedade. Tanto se ouve agora falar de crise à escala mundial, países como Portugal, Brasil e tantos outros vêm cada dia crescer mais o fosso entre ricos e pobres. Já se fala como nunca do facto de estar a desaparecer a chamada classe média das nossas sociedades. E Cristo, o nosso Rei e Senhor, Aquele de quem recebemos a herança de amar e praticar o bem e a justiça, continua a apelar à nossa consciência para as nossas atitudes concretas face aos que mais precisam. Matar a fome e a sede, vestir os nús ou visitar os enfermos e os encarcerados, acolher o peregrino são a exigência do reino de Cristo. Fazer o bem aos outros é fazê-lo ao próprio Cristo: “Em verdade vos digo: Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes”, (... e) quantas vezes o deixastes de fazer a um dos meus irmãos mais pequeninos, também a Mim o deixastes de fazer”.
Curiosamente a justiça de Deus que conduz à Salvação prometida outrora pela boca dos Profetas resume-se em fazer o bem, em amar, em acolher. Não cumprir estes requisitos é afastar-se dos braços de Deus que vem ao nosso encontro para no reconduzir a Sua casa, ao redil de onde nos afastamos tantas vezes. Creio que não é o Pai que nos enviará para o fogo eterno, não é o Rei e Senhor Jesus que nos atirará para a escuridão da morte, seremos nós ao não acolhermos o amor do Pai que, apesar dos nossos muitos pecados, nos quer resgatar dessa escuridão. Se assim não fosse teria sido em vão a vinda de Cristo à Humanidade e mais ainda a Sua morte por nós.
Isto no-lo recorda de forma tão clara o Apóstolo Paulo: (na segumda leitura -1 Cor 15,20-26.28) “Cristo ressuscitou dos mortos, como primícias dos que morreram. (...) Do mesmo modo que em Adão todos morreram, assim também em Cristo serão todos restituídos à vida”.
Se dúvidas tivessemos face ao cumprimento da promessa de Deus, Paulo arrasa-as por completo. O Homem (Adão) pecou, estabelecendo a morte e a dor, desligando o seu coração do coração amoroso de Deus. E nós, todos nós, estamos nesta estrada humana de Adão, pecamos e deixamos de sentir interiormente a Luz de Deus. Não que ela se tenha apagado em nós, creio que jamais Deus o faria uma vez que nos ungiu com o óleo da vida e da alegria, mas porque a nosso consciência de pacedo obscura essa luz. A nós como a Adão Deus pergunta “e quem te disse que estavas nú?”. A nudez de Adão estava dentro de si mesmo pela falta de conseguir ver a Luz que Deus lhe havia concedido. Isso acontece também connosco que tantas vezes nos sentimos tristes e sem saber porquê. Mas a Vida está aí ao nosso alcance, bem dentro de nós onde Deus nos quer reencontrar e trazer para o Reino de Seu amado Filho, Senhor nosso e Rei. A ressurreição é a justiça prometida onde viverá “primeiro, Cristo, como primícias; a seguir, os que pertencem a Cristo”.
A missão de Cristo, nas palavras de Paulo terminará “quando Cristo entregar o reino a Deus seu Pai. (... quando tenha posto todos os inimigos debaixo dos seus pés”.
A dor e morte estabelecida com o pecado de Adão será também ela aniquilada com a vitória e o Reino de Jesus “porque Deus «tudo submeteu debaixo dos seus pés».”
Neste dia quero pedir a Cristo Rei e Senhor que venha reinar sobre todos nós como Pastor que nos chama não para condenar mas para nos curar as feridas, nos tomar ao colo e nos reconduzir ao Reino de Seu Pai e nosso Pai, Reino que nos está prometido desde sempre.
CRISTO REI E SENHOR DO UNIVERSO, REINA SOBRE NÓS!

Bom Domingo!

16 novembro 2008

Sacerdote: Mestre, Pastor e Pai

Aqui estamos de novo...

Hoje um AMIGO disse que o meu maior defeito é ser TEIMOSO. E sou defacto! Mas nem sempre a teimosia é defeito. Aqui estou depois de perguntar aos amigos mais doutos nestas cousas, e de passar longo tempo em tentativas, pronto a publicar o meu primeiro vídeo pessoal no "Retalhos". O futuro não sei... só a experiência dirá. Aqui fica um rosto, uma palavra, alguém concreto. De resto, fica a música - que fiz há uns anos - e o que me ficou desta Semana de Oração pelos Seminários.

(desactivar a música do blog)

12 novembro 2008

Pai Nosso de toda a Espiritualidade

Recebi esta tarde, dia em que nem Eucaristia pude ter, já que a Messe chama para tantas frentes e os operários não chegam para tanto, esta Oração fantastica e aqui a partilho. Na versão que recebi a música era mais suave, um simples violino, mas aqui não a encontrei.
Assim partilho convosco esta porque fala pelo texto mas sobretudo pelo poder da imagem.
OBRIGADO DINA POR PARTILHAR CONNOSCO.
(Desactivar o som do blog na coluna da esquerda)

10 novembro 2008

Semana dos Seminários: ORAÇÃO

Deus santo,
Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vós criastes o mundo pela vossa primeira e última palavra
E pela primeira e última o salvastes;
Lançai no coração dos nossos jovens sementes de amor,
capazes de crescer e de fazer deles
agentes do vosso desígnio de salvação.
Vós chamastes profetas
para dizer palavras de verdade, justiça e caridade
ao povo que, por amor, escolhestes e reunistes.
Colocai as vossas palavras santas
na boca dos nossos jovens
para que não sejam espectadores passivos
mas actores atentos ao mundo que os rodeia
e, dando-se sem reservas, disponíveis para amar,
encontrem um sentido para a sua vida
e deixem a semente germinar.
Vós enviastes a Sabedoria do santo céu,
do trono da vossa glória, e com a vossa voz derrubastes
os cedros e abalastes o deserto.
Atendei às inquietações dos nossos jovens,
aos seus gritos e sussurros,
e despertai neles um amor pela Igreja,
vosso templo e corpo do vosso Filho,
para que, sem complexos nem angústias,
tenham coragem e discernimento
para responder com um sim entusiasmado
à ternura do vosso abraço.
Senhor Jesus Cristo, Filho de Maria, a serva da Palavra,
Vós semeastes a Palavra com abundância
para que frutificasse e pelo sangue que derramastes,
sangue que não tinge mas branqueia,
fostes digno de tomar o Livro
escrito por dentro e por fora
e de abrir as suas páginas seladas;
Derramai o vosso Espírito sobre os nossos seminários
e fazei com que,
acolhendo as vossas palavras de vida eterna,
sejam centelhas de esperança
e sementes de futuro para a Igreja,
no seguimento fiel e generoso da vossa vontade.
Vós que sois Deus com o Pai na unidade
do Espírito Santo.

Ámen.

09 novembro 2008

Semana dos Seminários 2008

A Igreja dedica esta semana aos Seminários.

Até ao dia 16 de Novembro, os cristãos são convidados a olhar a vocação sacerdotal como um «campo a semear e barco de amarras soltas», assim escreve D. António Francisco dos Santos, na mensagem para semana dos Seminários.
“São múltiplos os gestos e eloquentes os sinais que creditam e revelam a atenção e o carinho da Igreja, das comunidades, das famílias e das pessoas para com os Seminários e nos dizem que devemos ter um olhar de esperança em relação ao seu futuro e à sua imprescindível missão”, aponta o também Bispo de Aveiro na mensagem da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios para esta semana.
“A mudança cultural a que assistimos e na qual queremos participar de forma consciente e lúcida, diz-nos que estamos a viver na aurora de uma nova época”. D. António aponta que “os novos tempos exigem passos novos e gestos proféticos”.
“Os Seminários precisam de estabilidade na missão e merecem de cada um de nós e de toda a Igreja afecto, oração, comunhão e generosidade”.
O Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios escreve que a vocação “é uma viagem, única e irrepetível”. “O Seminário é experiência, tempo e lugar de viagem de quem acredita e escuta a voz de Deus”, e este ligar constitui, “no coração da Igreja, o retomar constante da experiência pedagógica e espiritual da viagem vocacional e da aprendizagem da missão”.
D. António Francisco dos Santos afirma que a semana dos seminários que agora se abre, “insere-se no horizonte de esperança”, onde toda a Igreja é chamada a colaborar.
D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, escreveu à igreja diocesana convidando todos a rezar e “a quem pareça reunir condições, fazer o convite directo para fazer o seu encaminhamento para algum dos nossos Seminários ou Pré-Seminário”. O Bispo dá conta de grupos de leigos e famílias, na diocese, que organizam tempos fortes de oração, com regularidade, pelas vocações sacerdotais e procuram acompanhar e encaminhar aqueles que manifestam desejo de entrar no Seminário.
Na Guarda, o ofertório das eucaristias no dia 16 de Novembro reverte a favor dos Seminários da Diocesanos.
Em Coimbra, na próxima Quinta-feira, dia 13, pelas 21.30 horas, terá lugar no Seminário Maior de Coimbra, uma Vigília de Oração.
No Funchal, está previsto, dia 8 de Novembro, um encontro vocacional do Pré-Seminário, sob o tema «A vocação de Abraão». Dia 11, será celebrada uma eucaristia no Seminário na Paróquia dos Álamos seguida de Adoração ao Santíssimo Sacramento. Dia 14, está marcada uma eucaristia no Seminário na Paróquia do Curral das Freiras seguido de Magusto do Seminário. Dia 15 está agendada recolecção dos Seminaristas e formação para a Lectio Divina, para além de um momento de oração animado pelos Seminários. Ainda neste dia, celebra-se eucaristia no Seminário na Paróquia de São Francisco Xavier na Calheta, onde haverá também testemunhos vocacionais. Programa igual recebe o Seminário na Paróquia do Loreto nesse mesmo dia. Dia 16 encontra-se a equipa formadora, pais e seminaristas no Seminário de Nossa Senhora de Fátima.
D. Manuel Clemente, bispo do Porto pede, nesta semana que em todas as paróquias se reze diariamente pelos seminários. “Que se organize pela Diocese um Lausperene pelos Sacerdotes e pelos Seminários; que se apoiem materialmente estas Casas, para que disponham das condições necessárias à formação dos candidatos; que se reconheça e estimule o trabalho dos formadores, só possível com a oração e o carinho dos crentes”.
A Diocese do Porto tem com o Seminário do Bom Pastor (Ermesinde), o Seminário de Nossa Senhora da Conceição (Sé) e o Seminário de Santa Teresa do Menino Jesus (agora a começar e ligado ao Caminho Neo-Catecumenal). “São mais de 60 os seminaristas no conjunto dos três. Temos também outras Casas de formação sacerdotal, ligadas aos Institutos Religiosos”.
Mais a Sul, em Lisboa, os seminários da Diocese vão abrir as suas portas, no dia 16 de Novembro, proporcionando um contacto próximo para quem desejar conhecer melhor esta casa. Penafirme, Caparide, Olivais e Redemptoris Mater vão organizar, em conjunto, uma tarde de reflexão e oração no Seminário dos Olivais, com a presença do Cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo.


08 novembro 2008

João Duns Scotus: genialidade e audácia

CONFERÊNCIA DOS MINISTROS GERAIS
DA PRIMEIRA ORDEM FRANCISCANA E DA TOR

João Duns Scotus: genialidade e audácia

A todos os franciscanos e franciscanas,
por ocasião do encerramento do VII Centenário
da morte do Beato João Duns Scotus



Queridos Irmãos e Irmãs:
Por ocasião da conclusão da celebração do VII Centenário da morte do Beato João Duns Scotus (1308-2008), após tantas celebrações culturais e científicas, que se sucederam em todo o mundo, também nós, Ministros Gerais da Primeira Ordem e da TOR, achamos oportuno endereçar-lhes esta carta. Com ela desejamos unicamente dirigir-lhes algumas palavras para suscitar em todos os franciscanos e os simpatizantes do franciscanismo o desejo de fazer memória da eminente personalidade do Doutor Subtil e Mariano e de aprofundar o conhecimento do seu fecundo pensamento filosófico-teológico. Franciscano santo e mestre audaz, original e criador de cultura em resposta aos desafios do seu tempo, filho fiel de São Francisco, conseguiu encarnar o Evangelho e estar atento às realidades sócio-culturais da sua época, às quais jamais se eximiu e pelas quais ofereceu a sua contribuição a partir das propostas filosófico-teológicas de então.
Graças às pesquisas e aos sérios estudos dos últimos tempos, foram eliminados os prejuízos de pouca clareza que havia na linguagem escotista e a idéia de uma sutileza de pensamento que tende à abstração extrema. Como tem demonstrado Pe. E. Longpré
[1], a sutileza escotista é exigência de rigor intelectual, posta a serviço do primado da caridade, a virtude sublime na prática cristã e quotidiana. Toda a força e a penetração especulativa escotista estão a serviço de uma intenção prática: Deus, Jesus Cristo, o homem, a Igreja, a criação, orientar o ser humano e evitar que desvie no amor: errar amando.
Scotus é a favor de uma práxis, mas não de um evangelismo impaciente e superficial, alérgico às especulações e à reflexão profunda e meditativa. “Neste tempo – segundo P. Vignaux – no qual muitos crentes exigem uma Igreja profética, a subtilitas convida a recordar uma grande afirmação de Karl Barth, no primeiro volume da sua Dogmática: ‘o temor diante da Escolástica é a característica dos falsos profetas. O verdadeiro profeta aceita submeter a sua mensagem a esta prova como às outras’”
[2].
Do rico e fecundo patrimônio escotista nos limitamos a indicar aqui algumas pistas para tentar responder aos problemas mais urgentes do nosso tempo.


Deus segundo Scotus e o ateísmo contemporâneo

Na elaboração de sua teologia natural, Scotus parte de dois princípios bíblicos: “Eu sou aquele que sou” (Ex 3,14) e “Deus é amor” (1ª Jo 4,16), para chegar Àquele que é “Verdade infinita e bondade infinita”
[3]. A existência e a essência de Deus são esclarecidas pela teologia mas, ao mesmo tempo, a metafísica as considera como o próprio objeto mais elevado. Dois saberes se correspondem: a ordem humana do divino (teologia metafísica) e a ordem divina do humano (teologia revelada), como afirma no início do Primeiro Principio: “Tu, sabendo o que de ti a mente humana pode conhecer, respondeste revelando o teu santo nome: Eu sou aquele que sou” [4].
Entre todos os nomes divinos, o mais apropriado é o Aquele que é, pois ele exprime “um certo oceano de substância infinita”
[5], “o oceano de toda perfeição”[6] e “o amor por essência”[7]. No último ser infinito se encontram três primícias: a primeira causa eficiente, o primeiro fim de tudo e o mais eminente grau na perfeição, que Scotus procura evidenciar com as suas profundas e incomparáveis provas da existência de Deus.
Scotus apresenta a infinitude como a característica mais própria e configuradora de Deus. A infinitude é um modo de ser de Deus que o diferencia radicalmente de todos os outros seres. O Doutor Sutil acentua bastante a infinitude de Deus. É o conceito mais simples de qualquer atributo divino e o mais perfeito, pois o ser infinito inclui virtualmente o amor infinito, a verdade infinita e todas a outras perfeições que são compatíveis com a infinitude. Embora toda a perfeição de Deus seja infinita, sem dúvida, “existe a sua perfeição formal na infinitude da essência como na sua raiz e no seu fundamento”
[8].
A exaltação do infinito se une necessariamente à exaltação do homem sob todas as criaturas finitas, que constitui uma das expressões mais características do humanismo cristão. A reflexão escotista ressalta a espiritualidade do infinito e implica a crítica do panteísmo e do materialismo, em qualquer das suas expressões manifestas ou confusas.
Scotus propõe a necessidade intelectual de aprofundar o conceito de experiência. Porém, não numa experiência qualquer (sensível, científica, intelectual), mas na experiência do necessário, porque somente este tipo de experiência nos leva à experiência da possibilidade do ser absoluto.
O Deus de Scotus, manifestado no exercício intelectual da idéia da possibilidade dos seres, personaliza em cada homem a idéia de Deus. Deus é para cada homem tudo o que o mesmo homem lhe permite ser e segundo as próprias exigências de busca e de encontro. Scotus conhece e reconhece o ocultamento e o silêncio de Deus no homem, porém, não porque Deus se retira, mas porque o homem mesmo se subtrai às exigências do absoluto e aos imperativos de aprofundamento no próprio intelecto. A compreensão de Deus depende da vontade que move ou não o intelecto para que indague em si mesmo a na realidade da vida.
Deus não está apenas lá, mas mais aqui, como fundamento de todo o real enquanto possível. Deus se faz incompreensível quando se abdica ao intelecto. O ateísmo não é efeito da acuidade do intelecto, nem o resultado da profunda penetração intelectual no mundo, mas exatamente o contrário: é uma não reflexão, uma desatenção intelectual da realidade. Scotus convida ao pensar radical, apresentando Deus não como realidade-objeto de conhecimento, mas como realidade-fundamento da existência. Deus é a solução da problemática da existência humana e secular.
O ocultamento ou o silêncio de Deus, responsável ou irresponsável, consciente ou inconsciente, é uma consequência do fato de que não ousamos pensar em Deus e que existe esta falta de fundamento intelectual em ver Deus como problema. Ao final da história da metafísica parece que Deus esteja chegando a ser impensável. Paulo VI, na sua Carta Apostólica Alma parens (14.07.1966), diz que “poderão ser encontradas no tesouro intelectual de João Duns Scotus lúcidas armas para combater e afastar a nuvem negra do ateísmo que ofusca a nossa idade”.


O cristocentrismo como visão mística do universo

O beato João Duns Scotus fazia teologia por exigências espirituais e científicas, não por simples prurido ou curiosidade intelectual. Fiel discípulo de São Francisco de Assis concentrou-se de modo especial sobre Jesus histórico, sobre seu nascimento, vida, paixão, morte e ressurreição, que ele assume na sua vida de fé e no seu compromisso religioso. Desta experiência vivida ele faz teologia e procura oferecer a visão de Cristo dentro do plano salvífico de Deus. A vida real e histórica de Jesus de Nazaré era a sua meditação existencial que movia o seu pensamento na grande visão do cristocentrismo como postulado teológico para uma compreensão harmônica e sinfônica do mundo, da vida e da história.
O Doutor Sutil, muito atento à realidade e à história, destaca a humanidade e radical criaturalidade de Jesus Cristo, o seu ser homem, os seus limites humanos, a sua realidade histórica, os seus progressos e a graduação no conhecimento. “Diz-se que, deste modo, Cristo, através da experiência, compreendeu muitas coisas, por conhecimento intuitivo, ou seja, dos objetos conhecidos quanto à sua experiência e pelas lembranças deixadas por elas”
[9]. Se o mistério trinitário representa a suprema unidade na vida intradivina, no mundo extra divino a máxima unidade é constituída pela união hipostática das duas naturezas entrelaçadas em Cristo e qualificada pelo mestre como “a maior união depois da união da Santíssima Trindade”[10].
Se Deus é amor infinito, pede para ser amado livremente por alguém que possa corresponder a estas exigências de infinito. Por isto previu quem possa fazê-lo, ou seja, Cristo, o Verbo, que assume a natureza humana e, nela, todos os homens para que possam participar da sua glória no céu. E porque este homem especial reassume em si toda a criação, ela termina em Deus através de Cristo
[11]. Fazendo de Cristo a razão de todo o criado, Scotus se alinha perfeitamente na perspectiva de São Paulo (Col 1,15-17).
O Doutor Sutil destaca que Cristo é o centro primordial e de interesse da manifestação da glória divina ad extra. O cristocentrismo escotista sustenta e defende que Cristo é o arquétipo e o paradigma de toda a criação. Ele é a obra suprema da criação na qual Deus pode espelhar-se adequadamente e receber a glorificação e a honra que merece. Cristo é o topo da pirâmide cósmica como síntese conclusiva e que aperfeiçoa todo o criado.
O cristocentrismo escotista oferece uma visão mística do universo. O mundo se apresenta como um diáfano sacramento da divindade, um grande altar no qual se celebra a liturgia da Eucaristia, pois entre ambos está a grande presença de Cristo. São Francisco de Assis viveu esta comunhão e união entre a liturgia cósmica e a Eucaristia em perfeita harmonia, transformada em canto. Mas o Doutor Sutil conseguiu transcrever este mistério crístico numa maravilhosa página de teologia mística. O cosmo inteiro é uma grande imagem da divindade, porque nele todo está a presencialidade do seu autor e linguagem evocadora. Todo o universo glorifica Deus pois tende para Ele, causa eficiente e certamente final, mas, sobretudo porque é dotado de um impulso intrínseco que o coloca a caminho rumo à meta convergente, o Cristo ômega.


A pessoa humana como interiorização e alteridade

A clássica definição de Boécio sobre a pessoa humana “substância individual de natureza racional” não satisfaz Scotus que prefere a de Ricardo de São Vítor, o qual apresenta a pessoa como “existência incomunicável de natureza intelectual”
[12]. Para o Doutor Sutil a pessoa se caracteriza como última solidão. “A personalidade exige a última solidão, ser livre de qualquer dependência real ou derivada do ser com respeito a outra pessoa”[13]. Uma certa incomunicabilidade está ligada à existência humana. A independência pessoal é “a mais” [14] que pode atingir para si no seu estado existencial e itinerante. Deste modo a solidão é o mais profundo encontro consigo mesmo. A solidão não é vazio, mas plenitude.
Na profundidade mais íntima a pessoa experimenta e vive o mistério de todo homem, de todos os homens e, com eles comunica. Por isto se pode afirmar que quem é verdadeiramente solitário é solidal, que a solidão é solidariedade. O eu, na sua profunda solidão, é sempre solidariedade com um tu, um nós. Por isto Scotus não se contenta em pôr em relevo a categoria aparentemente negativa, isto é, a incomunicabilidade, mas acentua o outro aspecto, claramente positivo, consistente num dinamismo de transcendência numa relação vinculante, pois “a essência e a relação constituem a pessoa “
[15]. Portanto, a pessoa é estruturalmente relacional e criadora de laços, pois é constitutivamente referida e aberta a Deus, aos homens e ao mundo.
O homem escotista não se fecha num solipsismo metafísico, tentação permanente das filosofias idealistas, mas aparece claramente como abertura e relação, como ser indigente e criador de laços. O homem escotista traz em si um grande impulso e dinamismo que se exprime como insatisfeito desejo ou como razão de desejo e, por isso, em atitude sempre aberta.
A pessoa tem necessidade de descobrir a própria subjetividade e de aprofundá-la. Não pode, porém, fechar-se na sua subjetividade, mas deve abrir-se à alteridade. Pertinência e referência são duas categorias existenciais que pressupõem a última solidão e a relação transcendental. Scotus, com intuição genial, antecipou a filosofia dialógica que tanta importância reveste hoje nas antropologias contemporâneas.


O saber para viver bem

O pensamento escotista está muito distante de ser um todo artificial de audaciosas sutilezas, como o acusaram os adversários, ao contrário é eminentemente prático, enquanto busca conhecer e esclarecer o fim último do homem e de proporcionar-lhe os instrumentos aptos para consegui-lo. Toda a sua especulação filosófico-teológica desemboca numa atitude existencial e de ordem prática: uma ética da ação. Trata-se de uma moral do encontro e da existência comunicativa.
Scotus parte do princípio teológico de que o amor divino transcendeu o infinito para vincular-se ao finito. Em contrapartida, somente o amor humano da vontade livre poderá transcender o finito para unir-se ao infinito. Trata-se, definitivamente, de uma ética do amor. O Doutor Sutil pensou profundamente porque amou em profundidade, mas com um amor concreto, como ele mesmo diz: “Provou-se que o amor é verdadeiramente práxis”
[16]. Desta práxis se compreende e se explica como o homem deve agir e viver no seu ser e estar no mundo e na sociedade.
É prático todo ato que provém do desejo da vontade, mas em condição de conformar-se à reta razão. Isto implica claramente a conformidade da vontade a uma lei, dando-se assim uma identidade entre o prático e o normativo
[17]. A vontade é uma potência indeterminada que se autodetermina por si mesma. Sem dúvida a liberdade não é arbitrária nem irracional. De fato, a vontade é o vértice do intelecto racional. A liberdade se realiza na autodeterminação da vontade natural e racionalmente orientada ao bem. A ação boa é aquela que corresponde a um ato da vontade conforme a reta razão.
A vontade escotista é capaz de determinar-se acima de qualquer interesse e de valorizar-se numa ética do desinteresse. Scotus apresenta uma filosofia da liberdade dentro de uma teologia que admite a possibilidade natural de amar Deus por si mesmo e fora de qualquer interesse egoísta.
O Doutor Sutil nos oferece a esplêndida articulação de um humanismo cristão no qual o saber está a serviço do bem viver e do bom conviver, ou seja, de uma sociedade justa, pacífica e fraterna.


Conclusão

João Duns Scotus, filho fiel e coerente seguidor de São Francisco, apresenta profundos, iluminados e vitais pressupostos doutrinais para uma autêntica e robusta espiritualidade franciscana, como se apresenta evidente no seu bonito e ao mesmo tempo útil tratado sobre as virtudes teologais que ele soube encarnar na vida quotidiana com simplicidade e grande humanidade.
Deste modo, o Doutor Sutil e Mariano passa a fazer plenamente parte da rica corrente da espiritualidade franciscana, dentro da qual ele vive, se inspira e concebe o seu pensamento filosófico-teológico. Como o fundador da Família Franciscana, o beato João Duns Scotus conseguiu sincronizar harmonicamente vida e pensamento, mística e trabalho, contemplação e ação, pessoa e comunidade, ser e fazer.
Scotus chegou, com grande humildade e audácia, a colocar a sutileza do seu pensamento a serviço da causa de Deus, do homem e da vida. A sua grandiosa visão da história da salvação, com o seu dinamismo de perfeição e de consumação no Cristo ômega, pode ser o fundamento filosófico-teológico para elaborar uma mística cósmica, uma ecologia planetária e uma teologia do futuro.
As suas amplas perspectivas antropológicas e cristológicas oferecem ao homem de hoje novos horizontes de pensamento e de ação, critérios válidos para orientar-se rumo a um futuro de esperança e comportamentos fraternos para um humanismo integral do rosto humano e civilizado.
Filósofo e teólogo, audaz e comprometido, que pensa, raciocina e age a partir do concreto contexto da sua época; mas, transcendendo do seu contexto cultural, é ainda atual para encarar com lucidez e sem complexos a permanente problemática humana.
O pensamento escotista é expresso numa chave de esperança. Olha o passado para aprender, analisar o presente para agir, mas espera num futuro por esclarecer. Com uma expressão lapidária e fecunda diz que “no desenvolvimento da história humana cresce sempre o conhecimento da verdade”
[18]. É todo um postulado para a interpretação de uma filosofia da cultura como realidade do porvir.
Se São Boaventura foi definido como “o segundo príncipe da Escolástica”, Duns Scotus é considerado como o seu aperfeiçoador e o representante mais qualificado da escola franciscana
[19]. Esperemos que este VIII Centenário da morte do Doutor Sutil e Mariano constitua um forte impulso aos centros franciscanos de estudo, para que a sua mensagem seja ainda válida para o futuro. Se João Paulo II, em 1980, em seu discurso na catedral de Colônia o definiu “torre espiritual da fé”, isto deve constituir para os franciscanos um convite a descobrir em Scotus um pensamento fecundo para o diálogo com a cultura do nosso tempo.

Roma, 8 de novembro de 2008
Festa do Beato João Duns Scotus




Fr. José Rodríguez Carballo, OFM Fr. Marco Tasca, OFMConv
Ministro Geral Ministro Geral
Presidente

Fr. Mauro Jöhri, OFMCap Fr. Michael Higgins, TOR
Ministro Geral Ministro Geral

NOTAS:

[1] Longpré, E., La philosophie du B. Duns Scot (Firmin-Didot, Paris 1924).
[2] Vignaux, P., “Lire Duns Scot aujourd’hui”, in Regnum hominis et regnum Dei (Congr. scot., vol. VI, Roma 1978) 34.
[3] Ordinatio I, d. 3, n. 59 (ed. Vat. III, 41).
[4] Tratado acerca del primer principio (BAC, Madrid 1960), 595.
[5] Ordinatio I, d. 8, n. 198 (IV, 264).
[6] Ordinatio I, d. 2, n.57-59 (II, 149-167).
[7] Ordinatio I, d. 17, n. 171 (V, 220-221).
[8] Opus oxoniense IV, d. 13, q. 1, n.32 (ed. Vivès XVII, 689).
[9] Ordinatio III, d.14, q.3, n. 121 (IX, 472).
[10] Ordinatio III, d.6, q.1, n.45 (IX, 247).
[11] Reportata parisiensia III, d.7, q.4, n.4 (ed. Vivès XXIII, 303).
[12] Ordinatio I, d.23,n.15 (V, 355-356).
[13] Opus oxoniense III, d.1, q.1, n. 17 (ed. Vivè XIV, 45); Reportata parisiensia III, d.1, q.1, n.4 (ed. Vivès XXIII, 236).
[14] Opus oxoniense III, d.1, q. 1, n.5 (ed. Vivès XIV, 16-17).
[15] Quodlibet, q. 3, n.4 (ed. Vivès XXV, 120).
[16] Ordinatio, Prol. n.303 (I, 200).
[17] Cf. Ordinatio, Prol. n. 353 (I, 228).
[18] Ordinatio IV, d. 1, q.3, n.8 (ed. Vivès XVI, 136).
[19] Cf. Paolo VI in Alma parens; cf. Balic, K. “San Bonaventura alter scholasticorum princeps e G. Duns Scoto eius perfector”, em São Boaventura, mestre de vida franciscana e sabedoria cristã. Atos do Congresso Internacional para o VII Centenário de São Boaventura de Bagnoregio, Roma, 19-26 set. 1974 (Pontifícia Faculdade São Boaventura, Roma 1976 I, 429-446).

05 novembro 2008

Assis: Caminhar com Francisco

Hoje senti uma enorme necessidade de voltar a Assis...
E decidi procurar uma forma de partilhar com os amigos do Retalhos algumas coisas dos caminhos e vida de Francisco e Clara.
Irei publicando vários clips de vídeo.
(Desactivar a música do blog - coluna da esquerda - para ouvir o vídeo)
No mais deixo as palavras quase parafraseando Santo António: "Cessem as palavras e falem as obras (imagens)".


http://www.youtube.com/watch?v=D7zSbO7I0ks

03 novembro 2008

Retalhos: Dois anos de amizade

Começa a noite a anunciar a chegada de um novo dia, o dia em que nasceu o “RETALHOS”
Ei-lo com um DOIS ANOS de muita vida e partilha.
Há um ano atrás reflectiamos como e porque surgiu este espaço, espaço de AMIZADE: “A amizade foi a génese do blog e o mote só poderia ser o texto de Bem Sirá 6, 5-15.
Foi no dia 3 de Novembro de 2006. Nascia este blog que aos poucos se foi tornando o que os visitantes, vós meus amigos, quisestes que ele fosse. Passado um ano é-me muito grato ver a informação das visitas (contadas a partir do dia 19 de Fevereiro de 2007:(Running total of visits to the above URL since 19 Feb 2007: 14,911). Quase 15000 visitas e tantos momento partilhados, sentimentos manifestados e tanta, tanta coisa aprendi.”
http://betus-pax.blogspot.com/2007/11/retalhos-um-ano-depois.html


Há um ano atrás eram 15.000 visitas, neste momento são 56.307 visitas de tantos países, de tantos concidadãos desta aldeia global a que demos o nome de mundo.
Dois anos depois e aqui estou eu, com o coração nas mãos, sim meio lamechas uma vez mais, porque me sinto feliz neste cantinho onde todos se sentem acolhidos. Voltei a lembrar o Principezinho e o tempo dedicado à rosa mas, desta vez quis voltar a Kahalil Gibran, no seu livro “O Profeta”, para olhar o tempo, sim o Chronos em que fomos crescendo mas também a dedicação de cada um dos amigos. Todas as citações deste texto são deste autor e obra.
Acerca do tampo diz o nosso autor: “Gostaríeis de fazer do tempo um regato em cujas margens pudésseis sentar-vos a contemplar o seu curso”
Sim, é verdade, um regato onde recuperamos paramos, refrescamos o rosto, lavamos as mãos, saciamos a nossa sede e recuperamos as forças. Aqui tanto eu como a maior parte dos visitantes nos sentimos junto a esse regato onde aprendemos a olhar para o alto e, atentos aos acontecimentos de cada dia, nos sentimos impelidos a olha para o alto num sentimento de louvor e gratidão. Razão tem Kahalil ao dizer que “aquilo que em vós canta e em vós contempla, mora ainda nos limites daquele primeiro momento que semeou as estrelas no espaço”.
E aquele primeiro momento destes Retalhos mais não foi que amizade e continua a ser cada vez mais, agora a uma escala de mais de 56000 pedaços de amizade, em cada visita, em cada palavra, em cada sentimento que fez eco em todos através da música, dos textos, da imagem...
Dois anos passados quero convosco continuar a olhar para o futuro com a certeza de que poderemos ir mais longe. Este Retalhos está pesado, já demora a abrir, e eu cada vez me apetece pôr mais e mais coisas novas mas fica sempre alguma tristeza por ter que retirar outras, igualmente bonitas e cativantes contudo, se assim não for qualquer dia não conseguiremos abrir o blog. É aqui que uma vez mais a palavra do nosso autor me/nos desafia: “Deixai que o dia de hoje, abrace com saudade o passado, e o futuro com ansiosa esperança”.
O tempo ajudará a perceber o que fazer, que rumo tomar, que opções devem ser feitas. Criar um “Retalhos 2”? Quem sabe?
Seja qual for o curso das decisões, Retalhos será sempre um lugar de amizade e encontro, de partilha e oração, de música e arte, de tempo dedicado aos amigos “porque na amizade, todos os pensamentos, todos os desejos, todas as espectativas, nascem sem palavras e partilham-se numa alegria calada”. Quantos milhares de visitantes passaram por aqui e não deixaram uma palavra. Mas passaram, por mero acaso talvez mas foram presença e tenho certeza que alguma coisa levaram deste cantinho de amizade. Levaram pelo menos, no seu silêncio, uma imagem, uma música, uma reacção que provocou o interior. Mas é este tempo dedicado que torna este blog diferente de tantos onde entro e nem uma partilha, nem um comentários encontro. Aqui vós aprendeis a conhecer-me e eu a conhecer os amigos que me rodeiam tal como diz Kahalil “que o melhor de vós mesmos seja para o vosso amigo. Se tem de conhecer o refluxo da vossa maré, que conheça também o seu fluxo”


Meus AMIGOS do Retalhos...


MUITO OBRIGADO POR MANTERDES ESTE ESPAÇO VIVO.


SOIS VÓS QUE O REGAIS EM CADA VISITA.



A vossa presença é o novo amanhecer, o novo sorriso que eu também encontro aqui ao ver que em média este blog tem entre 50 a 70 visitas diárias (e olhai que eu não entro aqui mais que umas quatro vezes ao dia).
Termino com esta frase de Kahalil que reflete bem o meu sentir neste momento de gratidão:
“Na doçura da vossa amizade haja também o riso e os prazeres partilhados. Porque no orvalho das pequenas coisas o coração encontra a sua manhã e a sua frescura”.


BENEDICAT TIBI DOMINUS




Frei Albertino Rodrigues O.F.M.

01 novembro 2008

Festa de Todos os Santos

A festa do dia de Todos-os-Santos é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não.

A Igreja Católica celebra a Festum omnium sanctorum a 1 de novembro seguido do dia dos fiéis defuntos a 2 de novembro.

A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecostes, fechando a época litúrgica da Páscoa.


História


O dia de Todos-os-Santos foi instituído com o objetivo de suprir quaisquer faltas dos fiéis em recordar os santos nas celebrações das festas ao longo do ano. Esta tradição de recordar (fazer memória) os santos está na origem da composição do calendário litúrgico, em que constavam inicialmente as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se nelas orações, missas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos, como acontecia em redor do Coliseu de Roma. Posteriormente tornou-se habitual erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas em sua memória nesses mesmos locais.

O desenvolvimento da celebração conjunta de vários mártires, no mesmo dia e lugar, deveu-se ao facto frequente do martírio de grupos inteiros de cristãos e também devido ao intercâmbio e partilha das festividades entre as dioceses/e paróquias por onde tinham passado e se tornaram conhecidos. A partir da perseguição de Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um. O primeiro registo (Século IV) de um dia comum para a celebração de todos eles aconteceu em Antioquia, no domingo seguinte ao de Pentecostes, tradição que se mantém nas igrejas orientais.

Com o avançar do tempo, mais homens e mulheres se sucederam como exemplos de santidade e foram com estas honras reconhecidos e divulgados por todo o mundo. Inicialmente apenas mártires (com a inclusão de São João Baptista), depressa se deu grande relevo a cristãos considerados heróicos nas suas virtudes, apesar de não terem sido mortos. O sentido do martírio que os cristãos respeitam alarga-se ao da entrega de toda a vida a Deus e assim a designação "todos os santos" visa celebrar conjuntamente todos os cristãos que se encontram na glória de Deus, tenham ou não sido canonizados (processo regularizado, iniciado no Século V, para o apuramento da heroicidade de vida cristã de alguém aclamado pelo povo e através do qual pode ser chamado universalmente de beato ou santo, e pelo qual se institui um dia e o tipo e lugar para as celebrações, normalmente com referência especial na missa).


Intenção catequética da festividade


Segundo o ensinamento da Igreja, a intenção catequética desta celebração que tem lugar em todo o mundo, ressalta o chamamento de Cristo a cada pessoa para o seguir e ser santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar em amor. Isto não só faz ver que existem santos vivos (não apenas os do passado) e que cada pessoa o pode ser, mas sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos, mas que da mesma forma que os canonizados igualmente vêem Deus face a face, têm plena felicidade e intercedem por nós. O Papa João Paulo II foi um grande impulsionador da "vocação universal à santidade", tema renovado com grande ênfase no Segundo Concílio do Vaticano.Nesta celebração, o povo católico é conduzido à contemplação do que, por exemplo, dizia o Cardeal John Henry Newman (Venerável ainda não canonizado): não somos simplesmente pessoas imperfeitas em necessidade de melhoramentos, mas sim rebeldes pecadores que devem render-se, aceitando a vida com Deus, e realizar isso é a santidade aos olhos de Deus.


Citações do Catecismo da Igreja Católica


957. A comunhão com os santos. «Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus».
«A Cristo, nós O adoramos, porque Ele é o Filho de Deus;quanto aos mártires, nós os amamos como a discípulos e imitadores do Senhor;e isso é justo, por causa da sua devoção incomparável para com o seu Rei e Mestre.
Assim nós possamos também ser seus companheiros e condiscípulos!».

Martyrum sancti Polycarpi 17, 3: SC 10bis, 232 (FUNK 1, 336).


1173. Quando a Igreja, no ciclo anual, faz memória dos mártires e dos outros santos, «proclama o mistério pascal» realizado naqueles homens e mulheres que «sofreram com Cristo e com Ele foram glorificados, propõe aos fiéis os seus exemplos, que a todos atraem ao Pai por Cristo, e implora, pelos seus méritos, os benefícios de Deus».2013. «Os cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade» [3]. Todos são chamados à santidade: «Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48):
«Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que Cristo as dá, a fim de que [...] obedecendo em tudo à vontade do Pai, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos».

In, http://www.srcoronado.com

30 outubro 2008

Irmã Maria Josefa (Hospitaleira)

Em contexto Hospitaleiro e de comunhão, partilho convosco neste "Cantinho" RETALHOS, uma simples e breve mensagem de Hospitalidade
Amanhã celebramos os 125 aniversário da morte da nossa Fundadora, Maria Josefa Récio.
Maria Josefa Récioa, nasceu em Granada a 19 de Março de 1846 e faleceu a 3o de Outubro de 1883, e todos os que a conheceram deram testemunho da sua bondade...
Em tempo de palavra (sinodal e carismática) somos chamadas a olhar para a Palavra vivencial que é Maria Josefa, uma palavra paradigmática que hoje, como ontem, ecoa HOSPITALIDADE, no tom simples e sereno da radicalidade do Amor e da dádiva gratuita da própria vida.
Celebramos este dia, como um tempo de graça para olharmos as fontes da HOSPITALIDADE e aí bebermos da água cristalina das origens.
Este é para nós um momento forte para agradecer o Dom de Maria Josefa e a vitalidade que brota da sua vida.
Com profunda gratidão louvamos o Deus da Hospitalidade pelos fundamentos pelos quais alicerçou a Congregação: vidas totalmente apaixonadas e seduzidas por Jesus, pessoas simples, comprometidas em viver com todo o seu ser o projecto de Deus. E em Josefa de modo especial Deus oferece-nos o fundamento da humildade do serviço, a raiz da radicalidade, do Amor e da generosidade, a seiva do Amor materno e fecundo...
Em Josefa descobrimos as maravilhas de um Deus Oleiro que na pequenez dócil faz maravilhas. Deixemo-nos interpelar por esta grande mulher, e com ela reaprendamos a vida a partir de dentro, do Coração de Jesus, façamos a experiência da Sua bondade e Misericórdia e como ela aprendamos a amar com todo o coração o único Deus da nossa Vida, a entregar a vida no serviço aos irmãos com generosidade e grandeza de ânimo, a servir com solicitude, a cuidar os pequeninos gestos delicados que caracterizam o estilo Hospitaleiro.
Escutemos a partir do coração, Maria Josefa: escutemo-la na vivência simples e humilde do amor e do serviço, na entrega abnegada de vida, na generosidade e disponibilidade para viver o plano do PAI...
Escutemo-la no amor, no serviço, na entrega, na esperança, no silêncio, na gratuidade, na alegria, na bondade, na grandeza de coração, na confiança, na fé..... escutemo-la.... e deixemos que ecoe no profundo do nosso coração, na verdade que somos, a radicalidade de uma vida simples, cativada pelo Coração de Deus, que viveu o amor e o serviço como o essencial da sua existência...

No céu da Hospitalidade brilham muitas estrelas, e com um brilho especial brilha a estrela da minha "amada Madre Fundadora" (RMA, p.28) como refere a Irmã Maria Angústias na relação sobre as origens da Congregação. Josefa brilha pela sua vida, que transparece a bondade do Coração de Jesus, brilha pela generosidade do seu amor vivido com audácia e sem condições, um amor tecido na humildade e deligência de serviço, na docilidade ao espírito, que moldou o seu coração tornando-o semelhante ao de Jesus manso e humilde, pobre e simples, obediente e confiado no PAI que providencialmente constrói a história do amor...


(Uma Irmã Hospitaleira)

29 outubro 2008

CONFIA EM DEUS

Dois dias a pensar o que deveria colocar aqui e que fosse mensagem... Esta manhã, uma simples sms no telemóvel, levou-me ao sentimento da confiança nAquele que é o porto seguro para a nossa vida.
Vim ao blog e aqui deixo para todos este clip...
Desactivem, na coluna da esquerda em baixo, o som das músicas para ouvir o vídeo.
Ah e... CONFIEM/CONFIEMOS EM DEUS!!!
(Gostaria de ter ecos acerca desta mensagem... de todo o mundo e também do BRASIL onde se canta tão bem a confiança em Deus)

27 outubro 2008

Retalhos e as novidades

RETALHOS

Olá a todos os Amigos deste nosso cantinho, paz e bem!
Há muito que eu não perdia algum do meu tempo a deambular pelo espaço cybernautico da blogosfera.
Deixei-me enredar uma vez mais na busca de coisas novas para poder dar mais um alento ao "Retalhos" que o torne cativante a quem nos visita, ainda que silenciosamente.
O nosso "Retalhos" está quase a fazer dois anos de existência e já ultrapassa as 55 mil visitas em apenas um ano e meio (altura em que foi colocado o contador).
Isto alegra-nos e continua a desafiar em cada dia a tornar mais cativo ao olhar e ao conteúdo.
Neste momento muitas coisas novas queria eu colocar aqui, ao nível da imagem mas, um blogue tem limitações, e para inserir novas animações outras têm que deixar de aqui estar.
A minha grande questão é o que retirar porque já cansou ou nem faz falta e o que manter.
Cada coisa nova que se insere aqui é peso para a abertura e bom funcionamento do "Retalhos".
Que fazer? O que tirar/deixar? Que critérios?
Bom... vou fazendo experiências e umas vão ficar outras sair.
Conto com a ajuda e compreensão de todos vós.
Benedicat!

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