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14 janeiro 2008

Dia 14: Encontro com os Irmãos

Proposta de leitura: TS; T 14-15; 1C 38.

REFLEXÃO

Francisco sabe que o Senhor foi bom com ele e que a fraternidade nasce da experiência de um Deus que é relação de amor na Trindade. Nesse amor, Francisco descobre a paternidade de Deus e sente-se filho; experimenta ser irmão de Jesus, o Filho amado do Pai; vive esse amor que une no Espírito Santo. O amor Trinitário é, pois, o modelo que inspira a vida fraterna, para que seja uma verdadeira família (cf. RnB 9,10-11; RB 6,8-9).
Para Francisco, a fraternidade é uma revelação de Deus: o caminho através do qual o Senhor mostrou sua vontade como projecto para uma vida eminentemente evangélica. Afinal, é o santo Evangelho que, no mistério da Encarnação e da Paixão e na humildade e pobreza, propõe Jesus como irmão da humanidade (cf. 2Fi 56). Assim, considerando a fraternidade de Cristo entre nós, foi-nos revelado o fundamento da vida evangélica.
Quando, a cada dia, nos olhamos nesse espelho (cf. 4In 15-16) para tornar-nos fiéis ao dom que nosso Pai São Francisco nos deixou como revelação do Senhor, nossa partilha se faz súplica de intercessão: “Salve, sancte Pater, patriae lux, forma Minorum, virtutis speculum...”. Na escola de Francisco, aprendemos que para nos sentirmos irmãos de todos, é preciso que, antes de tudo, tenhamos uma atitude filial com Deus. A ternura e o amor aos irmãos são consequências da felicidade de ter Jesus como irmão e da consciência de que o Senhor se doa e se faz presente no irmão. Portanto, o Espírito Santo infunde no coração o amor fraterno para servir e para obedecer espiritualmente ao irmão, e, como nos ensina São Francisco, para viver a fraternidade é preciso possuir o Espírito do Senhor e seu santo modo de operar (cf. RB 10,10). Se, com humildade, estivermos em condições de reconhecer que temos necessidade de aprender a viver como irmãos, partilhando a vida e testemunhando juntos os valores evangélicos, então a Fraternidade tornar-se-á modelo de todas as famílias humanas, e até, transformar-se-á em lugar de encontro com Deus e em bênção (cf. 1Fi 6). Afinal, a fraternidade é fruto que germina e floresce na fecunda terra da experiência viva de um relacionamento filial com o Pai e de um relacionamento fraternal com Jesus Cristo.
Em Maio de 1226, São Francisco escreve o pequeno Testamento de Sena. Nele, seu sentimento de unidade fraterna ultrapassa os limites do espaço e do tempo: “A benção a todos os meus irmãos que estão na Ordem e os que hão de vir até o fim do mundo”. E sua primeira preocupação é que seus frades vivam como irmãos: “sempre se amem uns aos outros”….
Ao aproximar-se a morte, vemos que Frei Francisco, embora tenha renunciado a tudo, mantinha um único desejo: estar perto dos seus irmãos. Por isso, o seu biógrafo conta-nos que, pouco antes de passar deste mundo para o Pai, mandou ler aquele trecho do Evangelho de João, do qual já havia inserido muitas passagens na Regra não bulada. As últimas palavras de Francisco, como as de Jesus na Última Ceia, são pela unidade dos seus Frades: “Pai santo, guarda em teu Nome aqueles que me deste, a fim de que sejam um como nós” (RnB 22,45). É com este desejo que quer ir ao encontro da irmã Morte, que, alguns meses antes, havia cantado no Cântico da fraternidade universal: Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a Morte corporal” (Cnt 12).
Este último episódio da vida de Francisco recorda-nos que a fonte a sustentar e a animar nossa fraternidade é o mistério de Cristo, que deu sua vida para que nos tornássemos irmãos e procurássemos construir diariamente laços visíveis e invisíveis de fraternidade.
(Carta do Ministro Geral (2005), A Fraternidade, sinal para o mundo de hoje, por ocasião da Solenidade de S. Francisco)

A nossa sociedade mede o resultado do esforço pelo lucro obtido. Não só: com muita frequência, estima as pessoas pelo que produzem, pelo que dão ou por aquilo que parecem. Essa lógica pode levar à exclusão de muitos Frades que, embora valentes, não produzem, não dão e não aparecem.
Diante desse perigo, mais do que hipotético, se desejarmos realmente fortificar a vida fraterna em comunidade, torna-se necessário descobrir o valor do irmão pelo que realmente é: dom do Senhor (cf. Test 14). Impõe-se, também, descobrir e valorizar adequadamente a gratuidade: ama-se o Irmão não pelo que é capaz de fazer ou produzir, mas simplesmente porque é um Irmão, “um que me pertence”, “presente de Deus”: “um dom para mim”.
Só quem fizer essa dupla descoberta poderá experimentar a alegria do ágape: amor gratuito e sacrificado que leva a partilhar as alegrias e os sofrimentos dos Irmãos, “amor oblativo” que se ocupa do outro e se preocupa com o outro. Só quem fizer essa dupla descoberta poderá “fazer espaço ao irmão”, oferecer ao outro “uma verdadeira e profunda amizade” para derrubar as barreiras que, de outra forma, as diferenças tornariam insuperáveis. Não se trata de edificar fraternidades gratificantes, mas de amar o irmão também quando de sua parte não há resposta alguma.
Considero urgente a necessidade de converter-nos a essa forma de relacionamento que o Novo Testamento chamou de ágape: amor pessoal, amor a Deus, amor ao próximo, amor recíproco, amor ao irmão; considero urgente a necessidade de afirmar seu primado em nossa vida de Frades menores. De outra forma, como poderemos cumprir a vontade de Francisco de amar-nos sempre uns aos outros (cf. TestS 3)? Somente quem crê na caridade, que é Deus, e vive nesse amor se empenha seriamente na construção da fraternidade. Nossa vida, e tudo o que ela comporta, compreende-se somente como experiência de comunhão no amor.
Trata-se de uma verdadeira conversão que envolve a mente, nosso modo de pensar, de nos colocar diante da vida e seus problemas, de escolher as opções e os critérios pelos quais julgamos as pessoas. Trata-se de sermos vigilantes para não cedermos à tentação da
eficiência num mundo onde esta parece autorizar o que esmaga o ágape. Trata-se de, na vida quotidiana, assumir a convicção de que a verdadeira eficiência cristã e franciscana está no ágape, ao qual todo o mais deve estar subordinado.
Estamos dispostos a isso? O que esperamos da Fraternidade? Construímo-la a partir do ágape ou somos seus simples consumidores? Para que nos formamos ou formamos? Para sentir-nos bem na Fraternidade ou para assemelhar-nos a Cristo e fazer o que ele fez, amar como ele amou?
(Relatório do Ministro Geral para o Capítulo geral de 2006 nº53)

ORAÇÃO DESTE DIA

Senhor Jesus, Tu nos convidas a seguir-Te na entrega total do nosso ser e a amar-Te sem medida em cada irmão, fruto da Tua dádiva. Revitaliza em nós a alegria e o entusiasmo de sermos irmãos uns dos outros. Conserva-nos sempre na simplicidade, amabilidade e generosidade recíprocas, de modo a tornar-nos autênticas testemunhas da Tua ressurreição e da Tua alegre presença no meio do mundo que nos rodeia.

4 comentários:

Anónimo disse...

Não há fraternidade sem paternidade e maternidade. Não há irmãos e irmãs onde estes não se reconhecem e experimentam filhos do mesmo pai e da mesma mãe. No entanto, para que haja essa experiência, é preciso que as nossas casas - quer de famílias quer de comunidades - se tornem verdadeiros espaços de convivência e não se reduzam a meros dormitórios e/ou refeitórios.

Fraternidade é partilha de vida que se torne enriquecimento mútuo. Fraternidade é correr o risco de me abrir ao outro e de o acolher assim como é (não como eu gostaria que fosse...). Fraternidade é o esforço quotidiano de descobrir a presença de Deus nas fragilidades, nos defeitos (e por vezes até na maldade) do outro. Fraternidade é aceitarmo-nos mutuamente como instrumentos e caminhos de santificação, um do outro e um para o outro. Fraternidade é o desafio permanente da primazia do SER em vez do TER ou do FAZER ou do PARECER. Fraternidade é celebrar a mesma FÉ que nos une, a mesma ESPERANÇA que nos orienta, o mesmo AMOR que vem de Deus e de Quem somos chamados a ser sinal - «espelho» - para os outros.

Que as perguntas no final do texto nos levem a uma profunda revisão de vida...

Anónimo disse...

Confesso que de todas as reflexões esta para mim é a mais desafiadora e a que mais me tocou, talvez pelo meu modo de ser e de viver a vida. Faço da oração deste dia uma prece para que todos sejamos o "Irmão" do outro na simplicidade, amabilidade e generosidade, que todos sintam o verdadeiro amor fraterno que nos une nas dificuldades e amarguras da vida mas também na partilha da alegria, da paz e do bem.
Abraço a todos.

Anónimo disse...

São Francisco diz que a fraternidade nasce da experiência de Deus…e, é aí nesse “Amor” que Francisco descobre a Paternidade de Deus, de quem se sente filho. Ele experimenta, ser Irmão de Jesus, e filho Amado do Pai…Vive o Amor que une no Espírito Santo… Que Bonita lição nos dá Francisco…
Aqui vemos e sentimos que em Francisco a vivência Trinitária é profunda…
E nós para sermos fiéis a este espírito, vivamos em permanente Adoração e Louvor à Santíssima Trindade, par sermos agradável morada do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Desta vivência e intimidade profunda com as Três pessoas Divinas, brota a Luz para descobrirmos Deus no Irmão e em toda a criação…Com Elas aprendemos a conduzir a nossa vida, como pensar, como agir, como ajudar…
E nós assumimos a vivência Trinitária?... Vivemos entre nós a Fraternidade?...
Fomentamos entre nós atitudes de mútuo acolhimento e mutua valorização?
Tratamo-nos com afectuosa deferência?
Procuramos por todos os meios conservar a unidade na pluralidade pelo vínculo da Paz?
Vivemos o Amor Fraterno como Francisco?

Que à imitação de São Francisco, sejamos homens e mulheres, capazes de Amar sem medida, Aquele que nos Amou primeiro, e deu a vida por nós, e Amar-nos uns aos outros como ELE nos manda...Foi o aue Francisco fez...Amou...

Anónimo disse...

Meu bom irmão Albertino.

Embora sem a assiduidade que gostava, tenho continuado a acompanhar e a servir-me do “nosso” blog para minha edificação e, mesmo, actualização. É sempre muita a riqueza que nos transmites, juntamente com os frequentadores deste blog. Obrigado!

Esta semana da vocação franciscana tem sido ocasião privilegiada para dar graças a Deus pelo legado de Francisco e Clara, que, em longos 800, anos vem dando novos rumos na vida de milhões de pessoas. Entre esse número eu me coloco, cheio de confusão e gratidão. Confusão, porque é um tesouro que nem sempre tenho sabido aproveitar; gratidão, porque, apesar de tudo, Deus me conserva ainda neste caminho evangélico de vida, inspirado aos Pais Francisco e Clara.

Hoje, dia 14, vem o convite ao Encontro com os irmãos.

Creio que foi este o grande segredo da arrancada de mudança de vida no Pai Francisco: encontrou o Irmão Jesus, chagado de lepra; o mesmo, pintado na parede em igrejinha abandonada, a falar-lhe com os olhos, o coração e a boca; depois os outros irmãos, que, em Jesus, o levaram ao Pai.

A todos sentiu, amou e chamou irmãos, mesmo aos que não têm outra voz para lhe responder, senão a claridade do irmão sol, das irmãs estrelas, a pureza cristalina da irmã água e o carinho do irmão falcão…

Como é bom ser franciscano!
Filho daquele que:
“Tratava por irmãs as criaturas,
num convite fraterno, a fazerem subir para as alturas um canto de louvor ao Deus Eterno!”.

A todos os irmãos do mundo. Paz e Bem!

Frei Armindo

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