Hoje celebramos o dia em que Cristo, na Sua misericórdia, imprimiu no corpo de Francisco as Suas Santas Chagas. Dois anos antes da sua morte, Francisco, abrasado de amor pelo Crucificado, pede a Cristo que antes de receber a irmã morte lhe conceda experimentar no seu próprio corpo as chagas e dores que Cristo suportara no alto da Cruz.Deixo a partilha de um confrade e a oração de João Paulo II
"E agora, anuncio-vos uma grande alegria e um milagre extraordinário. Não se ouviu no mundo falar de tal portento, excepto quanto ao Filho de Deus, que é o Cristo Senhor. Algum tempo antes de sua morte, o nosso irmão e pai (Francisco) apareceu crucificado, trazendo gravadas em seu corpo as cinco chagas, que são verdadeiramente os estigmas de Cristo. As suas mãos e os seus pés estavam trespassados, apresentando uma ferida como de prego, em ambos os lados, e havia cicatrizes da cor escura dos pregos. O seu lado parecia trespassado por uma lança e muitas vezes saíam gotas de sangue". (CFI5)
Em 1224, no Monte Alveme, Francisco recebe os estigmas da paixão do Senhor, provavelmente, no dia de São Miguel Arcanjo, 29 de Setembro. A impressão das chagas, em seu corpo, não foi senão a coroação de toda uma vida. Desde o início de sua conversão, ele se deslumbrava ao contemplar o Cristo de São Damião, tão humano, tão despojado, tão pobre e crucificado. Por isso, este Cristo ocupa o lugar central de toda sua vida: "Não quero gloriar-me a não ser na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo" (Gal 6,14). Foi ante este Cristo, que compungido rezou: "Ilumina as trevas de meu coração, concede-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito" (OCD). E continua: "Nele está todo perdão, toda graça e toda glória, de todos os penitentes e justos" (1 R 30).
A cruz, fonte de vida
Assim compreende-se porque na alma deste servo de Deus as chagas já estavam impressas desde o início de seu projecto de vida. Francisco teve a sensibilidade de descobrir a face do Cristo Sofredor nos conflitos sociais, nos leprosos e nos marginalizados. Vê no Cristo Crucificado o servo perfeito, que aceita viver, sofrer e morrer para nos salvar. Francisco passou por momentos de crise, mas não perdeu a chama da esperança e da confiança. Apesar das provações, sentiu-se cativado pelo Cristo. Ele sabia que o caminho para a glória passa pelo sofrimento. A sua opção de vida foi pelo caminho da renúncia, da doação e da cruz. Todavia, assumiu a sua missão até as últimas consequências, porque o caminho da cruz é fonte de vida. Francisco captou o profundo sentido da cruz e, por isso, sentiu-se envolvido pelo amor do Mestre que salva, que liberta e que impulsiona para a Ressurreição.·
Francisco e o Cristo
Francisco e o Cristo
Francisco vivia fascinado pelo Cristo, que veio para realizar a vontade do Pai e se fez obediente até morte, e morte de cruz. Aqui está a explicação por que Francisco usava o Tau. Este lhe lembrava a cruz, sinal de salvação, símbolo da vitória sobre o mal. Mais, a cruz torna-se símbolo e sinal da bondade e da misericórdia divinas. Francisco ora ao Pai, pedindo provar no seu corpo as dores do Senhor Jesus e sentir tão grande amor pelo Crucificado como Ele sentiu por nós. As chagas em seu corpo não são senão a aprovação divina e a resposta ao seu ardente desejo de sentir em sua carne os sofrimentos do Crucificado. E de fato aconteceu. Francisco, assim, é açoitado cruelmente pelo sofrimento.
A recompensa do Pai
A recompensa do Pai
No Cristo crucificado, Francisco encontra toda vitalidade que lhe abrasava o coração, a ponto de transformar-se no Cristo estigmatizado. O Cristo pobre e sofredor, estava em seu projecto de vida. Seria Ele como uma auto-estrada a conduzi-lo, mais e mais, a uma profunda união com Deus, a ponto de, exteriormente, pelas cinco chagas, gravadas em seu corpo, assemelhar-se ao Cristo crucificado. Sabemos, outrossim, que na alma deste santo, as chagas do Senhor já estavam impressas. E como Cristo foi recompensado pelo Pai, ressuscitando-o e vencendo a morte, Francisco, no Monte Alverne, também recompensado por Deus, em seu corpo, pela impressão dos estigmas de seu Filho Jesus Cristo. Isto é fruto de sua vida de fidelidade e de seguimento irrestrito ao Senhor. Esta transformação interior e exterior, identificando-se ao Cristo, fazia-o exclamar: "Pois para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro" (Fil 1,21).
Fazer a vontade de Pai
Fazer a vontade de Pai
Em todas as situações, consoladoras ou dolorosas, Francisco procurava fazer a vontade do Pai: "Concede-nos que façamos aquilo que sabemos ser de tua vontade e queiramos aquilo que te agrada. E assim purificados e, interiormente abrasados pelo fogo do Espírito Santo, sermos capazes de seguir os passos de teu Filho Jesus Cristo e chegar a ti, ó Altíssimo" (CO 50-52). Gostaríamos de lembrar que, desde a Porciúncula, igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, berço da Ordem Franciscana, local de início de sua conversão concluída no Monte Alverne, Francisco fez uma caminhada lenta e progressiva, até sua total configuração com o Crucificado.
Frei Atílio Abati ofm, in, “Francisco, um Encanto de Vida", editora Vozes, 2002.
Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne,
o mundo tem saudades de ti,
qual imagem de Jesus crucificado.
Tem necessidade do teu coração
aberto para Deus e para o homem,
dos teus pés descalços e feridos, d
as tuas mãos trespassadas e implorantes.
Tem saudades da tua voz fraca,
mas forte pelo poder do Evangelho.
Ajuda, Francisco, os homens de hoje
a reconhecerem o mal do pecado
e a procurarem a sua purificação na penitência.
Ajuda-os a libertarem-se
das próprias estruturas do pecado,
que oprimem a sociedade de hoje.
Reaviva na consciência dos governantes
a urgência da Paz nas Nações e entre os Povos.
Infunde nos jovens o teu vigor de vida,
capaz de contrastar as insídias das múltiplas culturas da morte.
Aos ofendidos por toda espécie de maldade,
comunica, Francisco, a tua alegria de saber perdoar.
A todos os crucificados pelo sofrimento,
pela fome e pela guerra, reabre as portas da esperança.
Ámen.
João Paulo II
João Paulo II



14 comentários:
Mais uma vez que riqueza de texto e oração de S. Francisco… Obrigada…
CRUZ! Símbolo e Sinal de Bondade e Misericórdias Divinas…Profundo…
Que Francisco de Assis, nos ajude a aproximar Cristo da Igreja e do mundo actual.
Ele que levou no seu coração as preocupações dos seus contemporâneos,
Nos ajude com o coração junto do Coração do REDENTOR,
A compreender as dificuldades de hoje, todos os sofrimentos do homem actual, as suas dúvidas, negações, dispersões, tensões, complexos e inquietações…
Que ele nos ajude a traduzir tudo isto na linguagem simples do EVANGELHO, para que o próprio CRISTO possa ser “Caminho, Verdade, Vida” para o homem de hoje…
CAMINHA
Caminha…
Ainda que te curves
Sob o peso da Cruz
Que permanece colocada em teus caminhos!
Caminha…
Ainda que não haja Luz em teu “SER”
E que a tua razão de viver
Pareça ter desaparecido!
Caminha!
Ainda que as vozes dos outros
te convidem a desistir
dizendo não ao Sim do teu sorriso
Caminha…
Porque há um Sim mais forte que tu
Que um dia alguém pronunciou numa Cruz
Sofrendo por Amor
Caminha…
Porque é mais importante caminhar
Sentindo-te débil
Do que por debilidade
Parar
Caminha…
Porque uma voz se eleva
Gritando ao mundo que teu viver
Tem uma razão muito simples de SER
O AMOR
Caminha…
Porque há uma mão amiga
Que se estende para ti
E que agarra bem forte a tua
Caminha…
Porque sorrindo
Há alguém que te diz:
EU AMO-TE ASSIM COMO ÉS!!
Obrigada por nos oferecer uma partilha tão rica neste dia.
Como Francisco, também a nossa vida de cristãos deve ser uma sempre crescente identificação com Cristo. Não ao ponto de recebermos fisicamente o sinal das Chagas de Cristo – isto é dado só aos amigos «especiais» d’Ele – , mas na coerência cristã que cabe a cada um de nós viver.
Gostei muito da imagem da auto-estrada… Sim, Jesus é o nosso CAMINHO, como Ele próprio afirma. Se calhar, se Jesus pregasse hoje, neste nosso tempo com velocidades tão alucinantes, diria mesmo que é a nossa AUTO-ESTRADA para o Pai. O «acesso» a esta auto-estrada é o tal “caminho estreito” de que Jesus fala no Evangelho… Só quem passa por ele, pelo “fundo da agulha” poderá entrar nela; a «portagem» será o morrermos ao nosso eu egoísta para estarmos inteiramente disponíveis para Deus e para os outros; o único «limite de velocidade», não imposto por uma autoridade exterior mas por nós mesmos, serão as reservas da nossa inteligência e do nosso coração na adesão e entrega total à vontade do Pai.
Deixemo-nos desafiar por Cristo a nunca desistirmos da nossa viagem com Ele e a não nos ficarmos pelas estações de serviço a «gozar a vida»…
Obrigada Frei, pela beleza da partilha deste texto.
Aqui vai a partilha dum poema de
Fr. Mário Branco.
MONTE ALVERNE
O amor é uma loucura
que sublima a própria terra.
No cimo do Monte Alverne
Francisco contempla, estático,
a Cristo Crucificado
que sofre horríveis tormentos
e dá a vida por nós
pelo muito que nos quer.
Morrer é a prova suprema
da divina caridade.
E o desejo nele cresce
de viver na sua carne
aquele amor sem igual.
Com fervor implora a graça
de provar um pouco ao menos
dos sofrimentos acerbos
da Paixão do seu Senhor.
E do espanto dos céus
desde um serafim alado.
Pairando no firmamento,
despede raios de fogo
e abre chagas no seu corpo,
nas mãos, nos pés e no peito.
Francisco sangra, tornado viva imagem de Jesus.
Por sobre a névoa dos séculos,
a montanha do Calvário
acenou ao Monte Alverne.
S. Francisco não recorre a nenhum mestre ou escola a fim de confirmar o seu caminho. Ele próprio a niguém chamava "Pai" ou "Mestre", por respeito para com o seu Senhor. E embora servisse com filial obediência à Igreja, a fundamentação basilar do itenerário por ele vivido buscava-o no Cristo do Evangelho.
Ouve o crucifixo de S. Damião: "Francisco, vai e repara a minha Igreja que está em ruinas". Reconstroi as igrejas, mas não era isso que o Senhor lhe pedia.
Renuncia à herança paterna, concretizando a sua vocação para a itinerância, mendicidade e assistência aos leprosos. Eles os "irmãos menores".
S. Francisco de Assis irradiou a Paz e o Bem a todo o universo, abraçando todos os povos e culturas no "Espírito de Assis", pois que o mundo era o seu claustro.
Somos cristãos, baptizados, chamados à santidade. Que S. Francisco nos ensine, como ele,o valor da humildade e do despojamento, para sermos no mundo de hoje, servos sofredores, identificando-nos com a Cruz do Ressuscitado, sinal de Vida Nova, Vida renovada.
Cumprimento-o pelo alimento deixado, sobre os estigmas de São Francisco.Um prato cheio a ser saboreado por muitos dias , pois como diz um amigo, esse amor ofertado e partilhado, gera serviço!As sugestões de sites, e a busca de outros sites franciscanos nos dá, (principalmente a mim, "neófita" nesta espiritualidade, não tanto por falta de informação ao longo de uma vida sexagenária, mas mais por morosidade e rudeza de espírito ) enriquecimento interior e deleite para a alma.De modo que aqui venho parabenizar mais uma vez a felicidade da idéia deste blog,agradecer o seu zelo para com o leitor, a sua didática sábia em dosar os conteúdos ofertados, a arte exibida, denotando a beleza de sua sensibilidade de alma e acima de tudo o reflexo de seu amor para com o Reino, este que todos nós queremos que venha a nós!
Benza-o, ó Deus!
Sirlene (São Paulo - Brasil)
Perante tão profundo testemunho de S. Francisco, só me atrevo a dizer: Ensina-me o teu Amor à Cruz, para que a minha Fé não vacile nas horas difíceis.
Que faça hoje do meu dia de trabalho, um dia de Acção de Graças por te ter encontrado no meu caminho.
A todos os que sofrem, "reabre as portas da esperança".
Seja por Caridade
A solidão é o mal do século.
E o silêncio é a solução da solidão.
O Alverne de Francisco é um monte onde muitas vezes se retirava para rezar, para contemplar, para viver o silêncio absoluto com Deus, pois ele sabia que Deus é o silêncio absoluto.
Foi na solidão do Alverne que teve as maiores experiências de Deus.Chegou a viver ali quarenta dias de oração e solidão.
Foi na solidão do Alverne que sentiu as maiores alegrias e os maiores gozos do coração. Nos momentos em que as preocupações, as angústias e todo o tipo de trevas interiores invadiam a sua vida, devido aos desvios que os seus companheiros faziam do seu ideal, era no Alverne que ele encontrava a solução e a paz.
Francisco aponta-nos um Alverne.
Um Alverne que pode ser um quarto,uma igreja, uma rua,etc tudo depende do nosso coração tudo depende da nossa capacidade de nos envolver-mos e de nos sentir-mos envolvidos por Deus.
Em todos os lugares,nos caminhos, Francisco dizia:
O AMOR NÃO É AMADO
O amor total,é silêncio total.
Só quem ama vive o silêncio.
Só quem é capaz de silêncio sente a presença de Deus.
DEUS É SILÊNCIO.
Francisco é um cristão.Os seus olhos estão voltados para a cruz de Cristo.
O Senhor nos conceda a todos a PAZ.
(do livro S.F. de Assis um homem que amou o mundo)
Biza
OK. Parabéns. Paz e Bem.
Quando a alma contempla S. Francisco, deixo-me sempre embalar pela beleza da comunhão entre ele e Deus. Fico sempre agarrada ao encanto de não saber qual d’Eles ajuda, acolhe e sofre mais. A Cruz é comum e com ela uma simbiose total de SER, mútuo.
Francisco, o Homem, o Irmão, o Amigo que mostra o caminho de vida que conduz ao Encontro. É a entrega total que irradia encantamento e Amor.
Francisco, deixa que me apegue sempre a ti para aprender e realizar o que o Pai deseja que eu faça!
Amigo!
Já tinha saudades de visitar este maravilhoso “Cantinho”… Tenho estado ausente e não tinha comigo computador, nem internet…
OBRIGADA por nos oferecer aqui hoje uma partilha tão bela, rica e profunda…Deus lhe pague por esta sensibilidade e beleza interior que nos revela pelo Reino do Pai…
A Cruz é uma Festa…Pela Ressurreição de Cristo, a ignorância da Cruz transformou-se em glória…Erguida ao alto, está posta entre o Céu e a terra, como Troféu de Vitória e Sinal de Aliança…Se duma árvore nos veio a ciência do mal e da morte, doutra nos veio a Ressurreição e a Ciência da Vida…
Para os cristãos, como para São Francisco e para Cristo, a cruz é a nossa glória…
Crucificados com Cristo, cantaremos vitórias e seremos exaltados, revestidos de um nome que nos elege e dignifica…
Que São Francisco nos ensine o valor da humildade, do desprendimento e despojamento total por Aquele que nos Amou primeiro…Que como Francisco, sejamos capazes de ser presença deste AMOR que não é AMADO…
PAZ e BEM…
Como entender (por dentro) tal sintonia de Francisco em relação à cruz e a Jesus?... como "dar a vida", "dar a outra face"... como seguir o exemplo que Francisco nos deixa?... somos tão mínimos... tão pequeninos... tão incapazes... Quem já esteve no Monte Alverne sabe que lá se respira toda a intensidade e profundidade de S. Francisco... ajoelho e rezo... e peço perdão por não conaseguir no dia-a-dia ser tão humilde e pequenina como o Teu exemplo me ensina em cada momento!
Obrigada Frei Albetino por este espaço. Descobri-o há bem pouco tempo e fica a promessa de não mais deixar de o visitar.
Marta
Olá Marta, paz e bem!
Esta sintonia só se entende quando em nós o Amor de Deus é grande. Em Francisco, naquele Monte Alverne sublime e belo, esse Amor transfigurou-se nas marcas da paixão, marcas do Amor.
Escutar Deus no nosso interior é escutar o caminho que leva a essa sintonia e, portanto, a ter a capacidade de dar a outra face.
Seja bem-vinda a este espaço e que se sinta sempre acolhida por esta comunidade do "Retalhos"
Abraço. AR
Descobri agora a frase "nova" no painel rolante.
Obrigado!
Estava mesmo a precisar de uma palavra assim...
SEJA POR CARIDADE!
Marta Paz e Bem!
Seja bem vinda a esta comunidade e/ou Família Retalhos, pois é assim que aqui nos sentimos.
Nem imagina o tesouro que acaba de descobrir; se gostar de saber como tudo começou e enriquecer-se um pouco mais, consulte os primeiros passos de Retalhos; tal como tantos de nós vai dizer: O que eu andei a perder.
Ficamos à espera de mais comemtários seus, pois é assim que todos vamos aprendendo este caminho para Deus pela dedicação do Frei Albertino a este cantinho do céu e na partilha de todos, para Alegria de S. Francisco de Assis.
Seja por Caridade
Só queria deixar aqui um grande obrigado!Por esta nossa Amizade.
Parecendo que nao procuro sempre neste blog um refugio aos meus problemas.A musica acalma-me e faz me reflectir na nossa longa Amizade Amigo Frei que esta sempre presente.
Queria agradeçer lhe o apoio de á 2 anos para cá, n consigo aceitar ainda o que aconteceu... e muitas vezes sinto a falta dele.
Obrigado Amigo
Abraço
LCT
P.s.Não estranhe a hora... É que a necessidade de procurar este "refugio" acontece quando acontece =D
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