Voltando à espressão de Hipócrates “A vida é curta”, reflectimos sobre o tempo enquanto Chronos e Kairos.
O Salmo 90, todos ele mas sobretudo o que abaixo apresento, dão o mote à nossa reflexão:
“Oração de Moisés, o homem de Deus.
Senhor, Tu foste o nosso refúgio de geração em geração. (...) desde sempre e para sempre Tu és Deus.
Tu podes reduzir o homem ao pó, dizendo apenas: «Voltai ao pó, seres humanos!»
Mil anos, diante de ti, são como o dia de ontem, que passou, ou como uma vigília da noite. (...) Ensina-nos a contar assim os nossos dias, para podermos chegar ao coração da sabedoria. (...) Confirma em nosso favor a obra das nossas mãos; faz prosperar a obra das nossas mãos.” (Sl 90, 3+)
Diante deste texto parece-nos sentir brotar do coração de Moisés não a expressão do seu sentir face à sua vida mas também à de todos nós e de todos os tempos.
O tempo é o lugar do encontro permanente e dinâmico com o Deus da nossa história humana que é também história de Salvação.
O tempo de Deus aparece aqui muito distinto do tempo do Homem. Não se trata de um tempo cronológico, o tempo da nossa existência fisica e biológica, mas de um tempo Kairológico, tempo da intervenção na história humana para salvar.
Olhar o tempo e a história como Moisés o manifesta ao dirigir-se ao Senhor exige de nós a lucidez e maturidade para aceitar o tempo da nossa história como consciência de uma história vivida e assumida. Esta não tem forsosamente que ser um fardo pesado do passado mas uma realidade assumida e vivida como caminho para a “Parusia”, a manifestação última de Deus.
Por isso Moisés exclama: “Ensina-nos a contar assim os nossos dias, para podermos chegar ao coração da sabedoria”, e leva-nos a nós a colocarmo-nos diante do coração do Deus de Jesus Cristo que nos redime pela Sua infinita misericórdia na entrega gratificante de Seu Filho. O tempo, com os seus limites e fraquezas não pode fazer com que o cristão fuja dessa realidade de caminho para o coração de Deus. Cristo consuma na Sua história humana a grandeza do “sem limite” assumindo em definitivo a missão que lhe é dada pelo Pai de, no meio da dor, salvar toda a Humanidade: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade!» (Mt 26, 42). Desta forma Cristo consuma a Sua perfeição e abre caminho para que possamos nós também consumar a nossa. Ele ajuda-nos na medida em que consegue permanecer no desafio de vencer a prova da vida de que nos fala o Apóstoloa Paulo ao dizer que: “Nos dias da sua vida terrena, apresentou orações e súplicas àquele que o podia salvar da morte, com grande clamor e lágrimas, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho de Deus, aprendeu a obediência por aquilo que sofreu e, tornado perfeito, tornou-se para todos os que lhe obedecem fonte de salvação eterna...” (Heb 5, 7-9)
Cristo experimentou também o sofrimento humano e isto leva à credibilidade diante dos nossos olhos. Este sofrimento que atinge o âmago da nossa fé em Cristo e na Sua acção redentora, é como que a prova de que Ele afinal quer salvar passando pela prova de fogo a que o ser humano está sugeito na sua condição mortal. Desta forma, Paulo, convida-nos a colocar o nosso olhar em Jesus na medida em que Ele deu testemunho de redenção com a própria vida. Cristo estabelece, assim, como que um novo tipo de fidelidade com orações e súplicas e é atendido por causa da Sua piedade. Continuará o texto de Paulo a referir que Cristo recebe a proclamação sacerdotal.
Em Cristo o Homem todo ganha uma nova dignidade diante do grande mistério Pascal. A morte não é assim um momento de derrota mas de vitória para aqueles que creem em Cristo. Neste aspecto é bom recordar aqui S. Francisco de Assis na sua quinta exortação quendo diz: “Ó homem, considera a quanta grandeza o Senhor te levantou, pois te criou, dando-te um corpo à imagem do seu Filho dilecto, e dando-te um espírito à sua própria semelhança (Gn 1, 26). E, no entanto, todas as criaturas que há debaixo dos céus, cada uma delas, a seu modo, serve e reconhece e obedece ao seu Criador, bem melhor que tu o fazes. (...) podemos, sim gloriar-nos nas nossas fraquezas (2Cor 12, 15) e no carregar às costas, cada dia, com a cruz de Nosso Senhor Jesus cristo (Lc 14, 27).” (Exortação 5)
Voltando ao início das nossas reflexões, e à frase de Hipócrates, a vida cronológica de Francisco, tal qual a de Cristo, foi curta mas a vida da sua kairologia continua a alongar-se em cada dia, e já lá vão oito séculos de mensagem franciscana, onde a mensagem de Cristo está sempre bem patente e actuante em cada um de nós.
Assim a vida é vista como a arte que perdura na história e ninguém como Francisco a soube viver em beleza diante de Deus. O magnífico Cântico da Criaturas, ou do Irmão Sol, são o mais perfeito reflexo desta arte vivida e perpectuada por Francisco de Assis, no seguimento de Cristo.
“Oração de Moisés, o homem de Deus.
Senhor, Tu foste o nosso refúgio de geração em geração. (...) desde sempre e para sempre Tu és Deus.
Tu podes reduzir o homem ao pó, dizendo apenas: «Voltai ao pó, seres humanos!»
Mil anos, diante de ti, são como o dia de ontem, que passou, ou como uma vigília da noite. (...) Ensina-nos a contar assim os nossos dias, para podermos chegar ao coração da sabedoria. (...) Confirma em nosso favor a obra das nossas mãos; faz prosperar a obra das nossas mãos.” (Sl 90, 3+)
Diante deste texto parece-nos sentir brotar do coração de Moisés não a expressão do seu sentir face à sua vida mas também à de todos nós e de todos os tempos.
O tempo é o lugar do encontro permanente e dinâmico com o Deus da nossa história humana que é também história de Salvação.
O tempo de Deus aparece aqui muito distinto do tempo do Homem. Não se trata de um tempo cronológico, o tempo da nossa existência fisica e biológica, mas de um tempo Kairológico, tempo da intervenção na história humana para salvar.
Olhar o tempo e a história como Moisés o manifesta ao dirigir-se ao Senhor exige de nós a lucidez e maturidade para aceitar o tempo da nossa história como consciência de uma história vivida e assumida. Esta não tem forsosamente que ser um fardo pesado do passado mas uma realidade assumida e vivida como caminho para a “Parusia”, a manifestação última de Deus.
Por isso Moisés exclama: “Ensina-nos a contar assim os nossos dias, para podermos chegar ao coração da sabedoria”, e leva-nos a nós a colocarmo-nos diante do coração do Deus de Jesus Cristo que nos redime pela Sua infinita misericórdia na entrega gratificante de Seu Filho. O tempo, com os seus limites e fraquezas não pode fazer com que o cristão fuja dessa realidade de caminho para o coração de Deus. Cristo consuma na Sua história humana a grandeza do “sem limite” assumindo em definitivo a missão que lhe é dada pelo Pai de, no meio da dor, salvar toda a Humanidade: «Meu Pai, se este cálice não pode passar sem que Eu o beba, faça-se a tua vontade!» (Mt 26, 42). Desta forma Cristo consuma a Sua perfeição e abre caminho para que possamos nós também consumar a nossa. Ele ajuda-nos na medida em que consegue permanecer no desafio de vencer a prova da vida de que nos fala o Apóstoloa Paulo ao dizer que: “Nos dias da sua vida terrena, apresentou orações e súplicas àquele que o podia salvar da morte, com grande clamor e lágrimas, e foi atendido por causa da sua piedade. Apesar de ser Filho de Deus, aprendeu a obediência por aquilo que sofreu e, tornado perfeito, tornou-se para todos os que lhe obedecem fonte de salvação eterna...” (Heb 5, 7-9)
Cristo experimentou também o sofrimento humano e isto leva à credibilidade diante dos nossos olhos. Este sofrimento que atinge o âmago da nossa fé em Cristo e na Sua acção redentora, é como que a prova de que Ele afinal quer salvar passando pela prova de fogo a que o ser humano está sugeito na sua condição mortal. Desta forma, Paulo, convida-nos a colocar o nosso olhar em Jesus na medida em que Ele deu testemunho de redenção com a própria vida. Cristo estabelece, assim, como que um novo tipo de fidelidade com orações e súplicas e é atendido por causa da Sua piedade. Continuará o texto de Paulo a referir que Cristo recebe a proclamação sacerdotal.
Em Cristo o Homem todo ganha uma nova dignidade diante do grande mistério Pascal. A morte não é assim um momento de derrota mas de vitória para aqueles que creem em Cristo. Neste aspecto é bom recordar aqui S. Francisco de Assis na sua quinta exortação quendo diz: “Ó homem, considera a quanta grandeza o Senhor te levantou, pois te criou, dando-te um corpo à imagem do seu Filho dilecto, e dando-te um espírito à sua própria semelhança (Gn 1, 26). E, no entanto, todas as criaturas que há debaixo dos céus, cada uma delas, a seu modo, serve e reconhece e obedece ao seu Criador, bem melhor que tu o fazes. (...) podemos, sim gloriar-nos nas nossas fraquezas (2Cor 12, 15) e no carregar às costas, cada dia, com a cruz de Nosso Senhor Jesus cristo (Lc 14, 27).” (Exortação 5)
Voltando ao início das nossas reflexões, e à frase de Hipócrates, a vida cronológica de Francisco, tal qual a de Cristo, foi curta mas a vida da sua kairologia continua a alongar-se em cada dia, e já lá vão oito séculos de mensagem franciscana, onde a mensagem de Cristo está sempre bem patente e actuante em cada um de nós.
Assim a vida é vista como a arte que perdura na história e ninguém como Francisco a soube viver em beleza diante de Deus. O magnífico Cântico da Criaturas, ou do Irmão Sol, são o mais perfeito reflexo desta arte vivida e perpectuada por Francisco de Assis, no seguimento de Cristo.



2 comentários:
Amigo, bem haja por esta partilha...
Como é grande a minha ignorância...
E porque a vida é curta, façamos dela "arte vivida..." à semelhança de S.Francisco de Assis, no seguimento de Cristo.
Aproveite este tempo e partilhe connosco, para darmos sentido ao nosso caminhar...
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GRAÇAS ao SENHOR e a ti, Irmão e amigo, por tão bela e profunda partilha…
Na verdade a vida é curta.
Como a vivo eu, no tempo que Deus me dá?
É ela geradora de solidariedade, comunhão e fraternidade?
Que a nossa vida seja mediadora de Deus para os “OUTROS” e sentir-nos-emos felizes como São Francisco de Assis no seguimento de Cristo, nosso refúgio, nosso BEM, nosso TUDO…
Estou… Rezo pelo bom êxito do vosso retiro; especialmente por si…
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