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01 setembro 2008

Varatojo: Acolhimento e presença de Deus

Depois de um tempo de férias, e delas tanto poderia partilhar, do ser Marta e Maria, do acolhimento na AMIZADE, na disponibilidade da ajuda desinteressada ao outro, da oração e lazer, da lágrima e do riso... dizia eu que depois deste tempo, um novo tempo chega, o de parar para o encontro com Deus, em retiro no magnífico Convento de Varatojo, para voltar à acção e Missão que Ele continua a pedir para cada momento.
Parar leva mais uma vez à partilha simples e humana do que Deus vai proporcionando a cada dia, com a ajuda do orientador e da partilha fraterna, alicerçada sempre na oração.

Uma frase permanece na nossa reflexão e que se irá revelando a cada momento: “A vida é curta e a arte é longa” (Hipócrates)
O ponto de partida que me acolheu neste retiro é o texto de Elias no Monte Horeb:
“Tendo chegado ao Horeb, Elias passou a noite numa caverna, onde lhe foi dirigida a palavra do Senhor: «Que fazes aí, Elias?» Ele respondeu: «Estou a arder de zelo pelo Senhor, o Deus do universo, (...)» O Senhor disse-lhe então: «Sai e mantém-te neste monte, na presença do Senhor; eis que o Senhor vai passar.» Nesse momento, passou diante do Senhor um vento impetuoso e violento, que fendia as montanhas e quebrava os rochedos diante do Senhor; mas o Senhor não se encontrava no vento. Depois do vento, tremeu a terra. Passou o tremor de terra e ateou-se um fogo; mas nem no fogo se encontrava o Senhor. Depois do fogo, ouviu-se o murmúrio de uma brisa suave. Ao ouvi-lo, Elias cobriu o rosto com um manto, saiu e pôs-se à entrada da caverna.» (1 Rs 19, 9. 11-13)

Este é, sem dúvida, um texto que nos remete para a presença de Deus na nossa existência, mais ainda, para a presença de Deus que não quer passar por nós sem que O acolhamos quase diria olhos nos olhos para sentirmos que estamos de pé numa atitude de acolhimento e confiança n’ Aquele que quer ficar em nossa casa.
É na noite escura da caverna, no medo dos que trairam a Aliança com Deus e que querem matar o Profeta, que Deus visista e fala. O medo, desânimo, falta de esperança leva-nos muitas vezes a esconder o rosto e silenciar as palavras. Foi assim com Elias e é assim connosco. Mas aí está Deus atento à nossa súplica silenciosa e à capacidade que temos de continuar a profetizar em Seu Nome.
Somos como Elias, tantas vezes fechados em nós mesmos e com medos do que nos rodeia. É a nossa história que está ali presente na história humana do Profeta.
E Deus também a nós nos pergunta o que fazemos escondidos de nós, dos outros e até mesmo d’ Ele. O nosso medo não limita o querer de Deus e não impede que Ele continue a desafiar-os antes de mais para nos levantarmos e nos colocarmos na Sua presença.
Como Elias somos desafiados a sair da nossa caverna, da nossa noite escura, para nos abrirmos à graciosa manifestação de Deus. Sair da caverna é sair do recôndito da nossa auto-suficiência que deu lugar ao desânimo, ao abatimento, à frustração e ao medo.
Sair é a atitude de quem respira fundo e retoma a confiança em quem se nos manifesta e partilha amor connosco.
A manifestação de Deus a Elias leva-o a permanecer no firme querer de Deus e a cobrir o rosto porque Deus não se podia olhar. Mas volto a dizer que para Elias certamente o olhar Deus não era expressão física mas espiritual, o olhar de quem escuta e responde amorosa e livremente. Cobrir o rosto é aqui sinal de humildade diante da grandeza de Deus, é como que silenciar todos os sentidos que possam perturbar a presença do Pai. Cobrir o rosto é ir mais longe do que cobrir uma parte do corpo, trata-se de cobrir o intelecto para que a procura da racionalização, desta manifestação Divina, não faça afastar mais do querer e da presença de Deus. A minha inteligência não pode coarctar a acção divina em mim e por mim, não pode ser travão à minha resposta a Deus. Isto implica da minha parte uma atitude positiva face ao escuro da caverna (VIDA), implica o entrar, escutar a voz na escuridão, levantar e sair para a Luz, implica uma atitude de despojamento pessoal.
Como Elias, somos chamados a fazer esta experiência de Deus que começa por ser um desafio ao acolhimento: “levanta-te e permanece na minha presença”, à comunicação entre Deus e o Homem e por isso mesmo à íntima comunhão. A entrada da caverna, como a porta da nossa casa, é o lugar do acolhimento. Às escuras não podemos ver quem está a bater e a chamar, é preciso sair do nosso eu “escuro” para olhar e acolher quem bate e chama.
Deus não está no escuro da vida, não como nós pensamos muitas vezes, mas também não está nas manifestações do tempo como se pensava então. Deus está no novo de cada dia, nas coisas simples e não tempestuosas, Deus está na brisa suave da manhã.
Esta reflexão leva-nos a pensar no murmúrio dos nossos dias, nas inquietações e medos que tantas vezes nos remetem para a caverna e para a falta da presença de Deus. Remete-nos também para a experiência desta manifestação Divina, experiência da acalmia de Deus na medida em que somos capazes de silenciar as nossas razões e questões para no silêncio ouvir o querer de Deus que fala.
Hoje a serenidade da presença de Cristo em nós, que nos revela a presença do Deus de Elias, faz de Varatojo o lugar do acolhimento e da presença de Deus.



4 comentários:

Anónimo disse...

Que texto tão "rico" Frei!
É verdade muitas é tempo de "Parar", subir ao monte. O monte é lugar de "Encontro" com Deus. Lugar para deixar toda a nossa carga, sair da "noite escura da caverna" e senti-LO na "LUZ", na "brisa suave", no "sussurrar" da Escuta!

Deus está presente em tudo e em todos. Não precisamos fazer grandes buscas para O encontrar...!
Permanecer em Cristo é o seu convite.
"Hoje quero ficar em tua casa".
Estar n'Ele, viver n'Ele, fazer comunhão com Ele, ser um só com Ele.
Mas o mundo em que vivemos, as situações que nos rodeiam, fazem com que ás vezes esta "Presença" esteja longe. É preciso ter o coração não naquilo que é fugaz, mas naquilo que sacia.

Fomos criados pelo amor e para amar, a nossa vida só se realiza amando. Só amando seremos santos, e só amando realizaremos o projecto de Deus.
Sem amor não há caminhada espiritual.
Quem não ama não conhece a Deus, porque DEUS É AMOR!

Frei desejo Retiro frutífero e cheio da Presença e do Amor do Pai.

Anónimo disse...

Na noite escura da nossa vida, pensamos:
-Onde te escondes, meu Deus?
Ainda hoje, ao regressar do trabalho pensava em como os meus dias de férias foram cheios de coisas simples, afinal e talvez, por isso mesmo, um tempo renovador...e se quis lá chegar, tive que ultrapassar medos e aceitar desafios...
Sim, tantas vezes nos deixamos cair no desânimo...Nestes momentos eu lembro a história do cavalo velho a quem queriam enterrar vivo; mas ele foi usando a terra que lhe atiravam para cima, para ir subindo e assim sair do buraco e continuar a viver.
Que Deus nos ajude a silenciar e ouvir o Seu querer, pois ELE fala na brisa suave...e nos gestos simples, mas tão ricos de sentido...
Amigo, bem haja pelo acolhimento com que presenteia a "Família Retalhos".

Anónimo disse...

Há muita gente que me diz: “Deus? Onde está? Com as desgraças todas que acontecem no mundo e na minha vida – onde está Deus?”
Muitas vezes não tenho respostas para as situações concretas das pessoas, respostas racionais, convincentes…
Só tenho a resposta da minha Fé e do esforço cada dia renovado de dar testemunho dela.

Deus está…

no silêncio,
na brisa suave,
no olhar amigo,
no sorriso aberto,
na palavra que constrói,
na mão que se me estende (e que eu também estendo),
na cruz que pesa no meu ombro,
na lágrima…,
na luta interior por acreditar SEMPRE,
na esperança que me mantém em pé,
no amor que nunca diz «basta»…

Deus está!

Amigo Albertino, continuação de BOM RETIRO!
Deus te abençoe!

Anónimo disse...

Caro Frei:
Poderia muito escrever mas este texto,de Santa Teresa de Ávila que hoje aparec no EAQ muito diz... até talvez da "inveja" que tenho de si de poder parar em local tão belo.
Um grande abraço
Antonio Catarino


O Caminho da Perfeição, cap. 26/28

"Saíu e retirou-se para um local deserto"



Como não recordar um Mestre como este, que nos ensinou a oração, que a ensinou com tanto amor e com um tão vivo desejo de que ela nos seja proveitosa?... Sabeis que Ele nos ensina a rezarmos no isolamento. É assim que Nosso Senhor fazia sempre, quando rezava, não que isso lhe fosse necessário, mas porque queria dar-nos o exemplo. Já dissemos que não seríamos capazes de falar ao mesmo tempo a Deus e ao mundo. Ora não fazem outra coisa os que recitam as suas orações e, ao mesmo tempo, escutam o que se diz à volta deles, ou se demoram nos pensamentos que lhes ocorrem sem se preocuparem em afastá-los.

Não falo daquelas indisposições que aparecem por vezes e, ainda menos, da melancolia ou da fraqueza de espírito que afligem certas pessoas e as impedem de se recolher, apesar dos seus esforços. O mesmo acontece com aquelas tempestades interiores que às vezes podem perturbar os fiéis servos de Deus, mas que Este permite para seu maior bem. Na sua aflição, procuram em vão a calma. Façam o que fizerem, não conseguem estar atentos às orações que pronunciam. O seu espírito, longe de se fixar em nada, parte de tal maneira à aventura que eles parecem ter sido atingidos por uma espécie de frenesim. Pelo sofrimento que isso lhes provoca, verão bem que a culpa não é deles; não se atormentem, pois, por isso... Uma vez que a sua alma está doente, que se apliquem a conceder-lhe algum repouso e se ocupem em qualquer outra obra de virtude. É isso que devem fazer as pessoas que se vigiam a si mesmas e que compreendem que não se poderia falar a Deus e ao mundo ao mesmo tempo.

O que depende de nós é que tentemos estar no isolamento para rezar. Queira Deus que isso baste, repito, para compreendermos em presença de quem estamos e que resposta dá o Senhor aos nossos pedidos! Pensais que Ele se cala, de tal forma que não o ouçamos? Certamente que não. Ele fala-nos ao coração quando é o coração que lhe reza.

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