A forma como soube que o programa pós e contras voltava hoje aos ecrãs com o tema do aborto deixou-me meio “fulo”.
Tentei pelos jornais, internet e outros meios confirmar que, voltava o tema por “imposição” de alta patente do nosso Estado. Não consegui. Falando pessoalmente com algumas pessoas me diziam, saber de fonte segura, que assim era mas que, para não levantar poeiras para um ministro (que nem merece que escreva em maiúscula), nem para o partido que defende de mão fechada, não era público mas que a jornalista, católica e respeitadora dos valores cristãos (e isto sei-o eu de fonte segura) fora obrigada a voltar à carga com o tema porque, ao chegar das suas visitas ao estrangeiro, encontrou um NÃO a ficar mais forte que o seu SIM.
A ser verdade isto deveria ser público para sabermos o Estado de Direito em que vivemos e os Ministros em quem votámos.
Eu não vi o programa todo, confesso que magoa ver a forma como se trata a VIDA, os mais debilitados, aqueles que são VIDA desde a sua concepção. Têm ali todo o potencial humano que eu tive, poderão ser mais ou menos inteligentes, mais ou menos capazes de ajudar a melhorar este mundo mais ou menos capazes de amar mas, são seres humanos que merecem respeito e protecção.
Vejo juristas que falam de leis, estes que deveriam defender o ser humano e muitas vezes não o fazem. Há até quem compare o pedido da mulher para interromper a gravidez com os contratos que se assinam e se anulam. Como é isto possível.
Um jurista existe para conhecer leis, formular as mesmas e com elas defender o ser humano. Será que só à prova de avultadas quantias em dinheiro se aplicam ou dá importância às leis?
Se é necessário mudar uma lei de protecção para a mulher, que se faça, ninguém quer ver a mulher sofrer mas também não queremos esquecer o sofrimento do ser indefeso, como o referia uma investigadora, das questões do feto, ao afirmar que este sente dor antes das 10 semanas, baseada num relatório científico resultado de trabalho próprio.
A Srª Drª Rosário Carneiro – deputada – lembrou o valor inviolável da vida humana
Dois seres, mãe e feto, este outro que também tem identidade. A ordem jurídica deve proteger ambos, e neste caso protege apenas a mulher, sem sequer referir que o homem tem direito a querer ou não aquele filho. É a pedido da mãe e não dos pais (no caso de um casal).
A lei existente tende a ser injusta ao permitir que uma das partes possa mandar matar a outra. A lei, por onde lhe dá mais jeito, pende para um lado ou pende para o outro. É um árbitro que não parece ser saudável, consciente. As leis podem ser insuficientes na resolução deste conflito. Urge criar as leis que equilibrem os interesses e os direitos, da mãe e do bebé.
Recorda uma médica que a lei da reprodução medicamente assistida, promulgada pelo Estado, protege os embriões, sobretudo os excedentários. Fala ela com direito de conhecimento porque é a sua área em Coimbra. Como pode o mesmo Estado não dar valor ao bebé no ventre materno? Gostei de a ouvir falar dos casais que sofrem e que se submetem a tratamentos caríssimos para poderem engravidar. O testemunho desta médica foi para mim dignificante. Recordei muitos casais que conheço nestas circunstâncias.
Choca-me ouvir um outro médico dizer que, independentemente dos juramentos deontológicos dos médicos, ganhe um sim ou um não, haverá sempre médicos comerciantes. Nunca pensei ouvir isto da boca de um médico. Mas que vida defendem médicos que partem para um referendo com ideias destas? Que me desculpem mas tem razão o povo quando diz que muitos médicos são autênticos sapateiros (com todo o respeito que estes últimos me merecem).
Pior ainda quando um senhor, felizmente nem o nome lembro, diz que nem para a Igreja Católica a VIDA é um valor absoluto. Como pode este senhor dizer uma coisa destas? E foi buscar o exemplo de Frei Bento Domingues e Dr. Anselmo Borges…
Com todo o respeito que me merecem estes dois Teólogos (eu que nem Teólogo sou, sou um simples cristão que por graça de Deus é Frade Menor e Sacerdote), poderão ser as afirmações que têm feito, e que jamais podem ser voz de uma Ordem religiosa e muito menos de uma Igreja, usadas para fazer tais afirmações? Pode lá um cristão, sim um simples cristão que saiba o que é ser discípulo de Cristo, membro activo da Sua Igreja e chamado a anunciar o Evangelho, dizer que a VIDA NÃO É UM VALOR ABSOLUTO? Diz o Povo que “palavras loucas leva-as o vento” e que “vozes de (um animal em vias de extinção) não chegam ao céu”.
E comparava-se o dar a vida, por parte dos Mártires, para reafirmar teses destes teólogos e aferir que são as teses da Igreja. Que Deus a todos nos perdoe as barbaridades que dizemos em Seu Nome, nós que temos por lei “não invocar o Santo Nome de Deus em vão”…
Vem uma outra senhora, diz-se Católica, pertence ao Movimento “Nós somos Igreja”, dizer que vai votar SIM… só somos Igreja se escutamos a mesma, mesmo que não aceitemos tudo o que a mesma diz (eu não concordo com tudo o que foi ou é feito pela Igreja que muito amo), somos Igreja quando procuramos mudar as coisas dentro da mesma e dando testemunho dessa mudança, não opondo-nos com críticas destrutivas e fazendo reivindicações só porque se quer as mulheres ordenadas sacerdotisas e os sacerdotes casados. Não, assim não. “Nós somos Igreja”? Que Igreja formam? Uma Igreja que diz sim ao aborto? (sem palavras).
Não se trata de uma questão religiosa, é um facto, e já foi mais que afirmado mas, por amor de Deus, se não forem os Cristãos a defender o valor da vida, quem mais o fará? Os médicos comerciantes ou os advogados que só sabem as leis à custa de muitos euros?
Tem razão o Dr. Lobo Antunes, trata-se de uma questão ética. Não se trata de uma questão religiosa mas a religião não pode aliar-se de tal assunto. É dever dos Pastores de qualquer crença religiosa orientar os seus fiéis no caminho do bem e da verdade. A questão, referia o Dr. Lobo Antunes, é perguntar ou não se a despenalização ou aborto é ou não o causar de uma morte. O oposto à VIDA é a MORTE e se há vida no ventre materno, ou ela nasce ou morre. A outra questão que colocava era que espécie de coisa é esta que é morta. Trata-se de VIDA HUMANA, uma pessoa que tem já identidade própria, está a formar-se tal como continuará depois de nascer. Tem razão este médico ao dizer que a mulher gera a vida e depois quando não lhe interessa simplesmente trata o embrião, feto, bebé (como queiram) como o programa televisivo onde alguém diz “és o elo mais fraco, adeus”.
Vem uma ginecologista – Drª Ana Lourenço (da Suiça) – para dizer que a despenalização não é aborto livre, porque lá as jovens nestas circunstancias vão a uma consulta, falam com médico que as informa do que pode ser feito dentro ou fora de uma interrupção. Só me veio à mente, será que é para isso que já existe a Clínica dos arcos, com telemóvel português, e anunciada em jornais nacionais?
Chega-se ao ponto de comparar o cancro e o seu acompanhamento com o acompanhamento de uma adolescente que quer interromper a gravidez, defendendo que esta enquanto abortar for crime a mulher não vai ver o médico.
Que triste comparação senhora doutora. Um doente com cancro vai ao médico para se salvar, para lutar pela vida, e sofre horrores em tratamento para poder viver. Quem vai à sua consulta para interromper a gravidez, fora os casos já previstos na lei portuguesa, vai para que a acompanhem na morte de um ser e não na vida.
Como alguém perguntava, desde o último referendo, onde a Nação votou um NÃO, que fizeram os nossos governantes, QUE FEZ O ESTADO PARA PROTEGER AS MULHERES GRÁVIDAS E OS BEBÉS NOS SEUS VENTRES?
Não escrevo mais porque…
Deixo aqui, e porque creio ser uma boa reflexão sobre o que ouvi e o que aqui escrevi, mais uma vez palavras de João Paulo II.
“Quando a maioria parlamentar ou social decreta a legitimidade da eliminação, mesmo sob certas condições, da vida humana ainda não nascida, assume uma decisão tirânica contra o ser humano mais débil e indefeso.” (João Paulo II, E. Vitae, nº 70)
“No caso de uma lei intrinsecamente injusta, como aquela que admite o aborto (…), nunca é lícito conformar-se com ela, nem participar numa campanha de opinião a favor de uma lei de tal natureza, nem dar-lhe a aprovação do seu voto”. (João Paulo II, E. Vitae, nº 73)
“Quando a lei, votada segundo as chamadas regras democráticas, permite o aborto, o ideal democrático, que só é tal verdadeiramente quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana, é atraiçoado nas sua próprias bases: Como é possível falar ainda de dignidade de toda a pessoa humana, quando se permite matar a mais débil e a mais inocente? Em nome de qual justiça se realiza a mais injusta das discriminações entre as pessoas, declarando algumas dignas de ser defendidas, enquanto a outras esta dignidade é negada? Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo. O Estado deixa de ser a ‘casa comum’, onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, como a criança ainda não nascida, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns”. (João Paulo II, E. Vitae, nº 20)
OBRIGADO DEUS PELO DOM DA VIDA… e o testemunho de bons Juristas, bons Médicos, bons Cidadãos…